O Bitcoin atingiu a marca de US$ 120.061 em 2 de outubro de 2025, no segundo dia de uma paralisação do governo dos EUA. Este evento, que interrompeu operações federais não essenciais e atrasou a divulgação de dados econômicos cruciais, paradoxalmente impulsionou o interesse em ativos digitais como um refúgio seguro contra a incerteza econômica. A criptomoeda alcançou um pico de US$ 120.265, registrando um aumento de 2,7% em 24 horas e quase 8% na semana anterior. Observadores do mercado notam uma crescente independência do Bitcoin em relação aos mercados tradicionais, apesar de correlações históricas com ações de tecnologia e, por vezes, com o ouro. A perspectiva de um corte nas taxas de juros em outubro também aumentou o apelo do Bitcoin, que historicamente se beneficia de ambientes de baixas taxas de juros. O mês de outubro, conhecido como "Uptober" por seu histórico de desempenho positivo, já demonstra essa tendência, com nove dos últimos dez anos apresentando forte valorização para o ativo, trazendo retornos positivos em 73% dos casos com um crescimento médio de 29,23%. Notavelmente, em 2020 o Bitcoin cresceu mais de 28%, e em 2021, 40%.
A paralisação do governo dos EUA, ao criar um "ponto cego" para os mercados, torna ativos como o Bitcoin mais vulneráveis a choques, mas também aumenta a demanda por ativos alternativos em face da disfunção fiscal americana. A incerteza gerada por tais eventos, embora possa levar à aversão ao risco em mercados tradicionais, tem impulsionado o Bitcoin como um hedge contra a instabilidade política e econômica. Analistas da Bitfinex alertaram que essa falta de dados econômicos deixa o BTC e outros ativos digitais mais expostos à volatilidade. Historicamente, paralisações do governo dos EUA, a menos que se prolonguem, têm tido um impacto econômico direto limitado, mas o efeito sobre o mercado de criptomoedas pode ser mais psicológico do que fundamental, com traders precificando tensões financeiras futuras e questões da dívida americana.
A demanda institucional por Bitcoin continua forte, com os ETFs de Bitcoin à vista acumulando US$ 58,44 bilhões em entradas líquidas desde o lançamento em janeiro de 2024, representando 6,66% da capitalização de mercado do Bitcoin. Os ETFs de Bitcoin à vista atraíram US$ 675,8 milhões em investimentos na quarta-feira, o maior valor desde 12 de setembro. O fundo iShares Bitcoin Trust (IBIT) da BlackRock liderou os fluxos com US$ 405 milhões em um único dia, enquanto o Fidelity Wise Origin Bitcoin Fund (FBTC) registrou US$ 179 milhões. Essa entrada contínua de capital institucional reforça o papel do Bitcoin como um ativo estratégico e um hedge contra a inflação e a desvalorização da moeda. A análise de JPMorgan sugere que o Bitcoin pode atingir US$ 165.000 até o final de 2025, considerando sua subavaliação em comparação com o ouro em uma base ajustada pela volatilidade. Analistas preveem que, em condições favoráveis, o preço do Bitcoin em outubro de 2025 pode variar de US$ 114.000 a US$ 127.500. A relação de volatilidade Bitcoin/ouro caiu abaixo de 2, indicando que o Bitcoin requer apenas 1,85 vezes mais capital de risco que o ouro, uma mudança significativa em relação a anos anteriores.
Outros ativos digitais também viram ganhos, com o Ethereum subindo 3% para US$ 4.407 e o Solana aumentando 3% para aproximadamente US$ 226. Este crescimento ocorre enquanto órgãos reguladores, como a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), continuam a analisar pedidos de ETFs de criptomoedas à vista. Atrasos nas operações da SEC devido à paralisação podem afetar os prazos de aprovação, mas o interesse geral em ativos digitais permanece alto. A volatilidade implícita do Bitcoin, que caiu para menos de 40% em 2025, a menor em anos, sugere uma redução na atividade especulativa e um foco crescente na demanda institucional. Essa evolução posiciona o Bitcoin não apenas como um ativo especulativo, mas como uma classe de ativo estratégica, capaz de oferecer diversificação e proteção em um cenário financeiro global em constante mudança. A correlação negativa de -40% do Bitcoin com o S&P 500 em 2025, segundo a Equiti, sinaliza uma mudança estrutural impulsionada pela adoção institucional e clareza regulatória, solidificando seu papel como um hedge estratégico.