Gigantes do Luxo LVMH e Kering Enfrentam Declínio de Receita em Meio a Mudanças no Comportamento do Consumidor

Editado por: Olga Sukhina

A indústria global de artigos de luxo está a atravessar um período de desafios em 2025, marcando uma mudança após uma década de crescimento acelerado. Grandes players como LVMH e Kering reportam diminuições nas suas receitas e rentabilidade, impulsionadas pela desaceleração da procura global, pressões geopolíticas e a evolução dos hábitos de consumo. Este cenário representa um ponto de inflexão para um setor que se habituou a expansões robustas.

A LVMH, conglomerado por trás de marcas icónicas como Louis Vuitton e Dior, registou uma queda de 4% na sua receita no primeiro semestre de 2025, totalizando 39,8 mil milhões de euros. O lucro líquido sofreu uma redução de 22%, e o lucro operacional recorrente diminuiu 15%. A divisão de moda e artigos de couro, que representa quase metade da receita do grupo, sentiu o impacto com um declínio de 8%. Esta performance reflete uma maior cautela por parte dos consumidores e uma saturação em certos segmentos de mercado.

A Kering, proprietária de marcas de prestígio como Gucci e Yves Saint Laurent, anunciou uma diminuição de 14% na sua receita no primeiro trimestre de 2025, totalizando 3,9 mil milhões de euros. As vendas da Gucci, em particular, caíram 25% numa base comparável, representando 1,57 mil milhões de euros. Este desempenho sublinha a vulnerabilidade de marcas que dependem fortemente de tendências de consumo passageiras e da capacidade de adaptação a novas dinâmicas de mercado.

Diversos fatores contribuem para esta desaceleração. O aumento dos preços, uma maior dependência de lojas de outlet para liquidação de stock e uma potencial alteração na perceção do consumidor, onde as marcas arriscam tornar-se meras máquinas de marketing de massa em vez de símbolos de refinamento, são apontados como causas principais. Analistas de mercado, como os da Bain & Company, indicam que a confiança do consumidor tem sido erodida por incertezas económicas, tensões geopolíticas e volatilidade do mercado, afetando diretamente o poder de compra e a disposição para gastar em bens de luxo.

Na China, um mercado crucial para o setor, as marcas enfrentam o desafio de se adaptarem a um consumidor cada vez mais exigente e consciente. A preferência por experiências e pela sustentabilidade, juntamente com um crescente nacionalismo que favorece marcas locais, está a redefinir as estratégias. Para manterem a relevância, as marcas de luxo estão a reconfigurar as suas abordagens, focando-se em construir relações autênticas com públicos mais jovens, diversificar os canais de comunicação e reduzir a dependência de clientes de alto volume de gastos, priorizando a lealdade a longo prazo baseada em valores e experiências partilhadas. A consultora McKinsey destaca que a inovação em personalização, através de inteligência artificial e experiências digitais imersivas, será fundamental para cativar esta nova geração de consumidores.

A indústria enfrenta o seu período mais severo de contração desde a crise financeira de 2008, excluindo o período pandémico, com projeções de que as vendas globais diminuam entre 2% a 5% este ano, segundo a Bain & Company. As marcas de luxo estão a reavaliar as suas estratégias para se adaptarem a um consumidor mais cauteloso e exigente, priorizando a autenticidade, a sustentabilidade e experiências personalizadas para garantir a sua relevância futura.

Fontes

  • Puterea.ro

  • LVMH profits tumble 22% as luxury headwinds persist

  • First-quarter 2025 revenue | Kering

  • Solid results in the first half of 2025 despite the prevailing environment

  • Hermès detronează LVMH şi devine cea mai valoroasă companie de lux din lume

  • LVMH a fost depășit de Hermes în capitalizarea de piață. Vânzările companiei de lux sunt în scădere

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