Vídeos recentes que viralizaram nas redes sociais mostram cães transbordando de alegria ao visitar os pais de seus tutores, levantando a questão sobre o forte vínculo que se forma entre os cães e seus "avós" humanos.
Do ponto de vista etológico, os cães não compreendem os laços familiares humanos da mesma forma que nós. Especialistas em comportamento canino, como Clive Wynne, observam que os cães não reconhecem seus parentes biológicos, muito menos entendem que visitantes são os pais de seus tutores. No entanto, os cães são capazes de desenvolver relacionamentos significativos com pessoas específicas, sendo atraídos por aqueles que dedicam tempo a eles, demonstram afeto ou oferecem petiscos e carinhos. Os avós frequentemente se encaixam perfeitamente nessa descrição, proporcionando tempo, paciência, um ambiente acolhedor e atenção extra.
A psicologia do aprendizado sugere que os animais repetem comportamentos recompensados. As visitas aos avós, ou a vinda deles, geralmente são repletas de estímulos prazerosos. Ter múltiplos humanos de confiança em seu círculo social também traz benefícios para os cães. Wynne explica que uma rede de apoio mais ampla ajuda os cães a se adaptarem melhor a eventos inesperados, como a ausência do tutor principal, fazendo com que se sintam menos vulneráveis. Essa rede de apoio ampliada contribui para o bem-estar emocional e a estabilidade dos cães, reduzindo o estresse e promovendo uma sensação geral de segurança.
Em essência, embora os cães não captem o conceito de "avós" como os humanos, eles desenvolvem laços afetuosos com pessoas que lhes oferecem atenção e cuidado. Isso explica seus cumprimentos entusiasmados ao visitar os pais de seus tutores. A domesticação e a evolução moldaram os cães para serem parceiros sociais, e essa capacidade de formar laços profundos com humanos, independentemente do parentesco, é uma prova dessa adaptação. Estudos indicam que a interação com animais pode reduzir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e aumentar a ocitocina, conhecida como o "hormônio do amor", promovendo relaxamento e vínculo. Essa conexão mútua, onde cães e humanos liberam ocitocina ao se olharem, fortalece ainda mais esse afeto. Além disso, a presença de múltiplos cuidadores de confiança pode ajudar os cães a se adaptarem melhor a situações imprevistas, como a ausência de seu tutor principal, diminuindo sua vulnerabilidade. Essa rede de apoio expandida não só contribui para o bem-estar emocional e a estabilidade dos cães, mas também pode mitigar comportamentos relacionados ao estresse e à ansiedade. A capacidade de adaptação dos cães a diferentes situações e pessoas é notável, permitindo que eles formem laços positivos mesmo com indivíduos que não fazem parte de seu núcleo familiar imediato.