As forças policiais estão a inovar na sua abordagem ao combate ao cibercrime, integrando cães especialmente treinados para detetar dispositivos eletrónicos ocultos. Esta tática pioneira oferece uma dimensão adicional às investigações, permitindo às autoridades localizar provas digitais que poderiam passar despercebidas aos métodos convencionais.
Estes cães são capazes de identificar uma variedade de itens, incluindo cartões SIM, unidades USB e telemóveis. O seu treino é análogo ao de cães detetores de drogas ou explosivos, mas com uma especialização crucial na descoberta de evidências digitais. A sua capacidade de detetar o composto químico óxido de trifenilfosfina (TPPO), presente em componentes eletrónicos para prevenir o sobreaquecimento, confere-lhes uma vantagem única. Apenas uma pequena percentagem de cães avaliados (cerca de 1 em 50) é qualificada para esta tarefa, devido à subtileza do odor em comparação com substâncias mais voláteis.
Os cães detetores de eletrónicos já provaram o seu valor em operações reais, localizando dispositivos em locais de difícil acesso e proporcionando às forças policiais uma vantagem significativa na recolha de provas. Um caso notável ocorreu em 2015, quando um Labrador retriever chamado Bear descobriu uma unidade flash escondida com provas cruciais no caso de Jared Fogle, antigo porta-voz da Subway. Mais recentemente, em 2016, um cão semelhante ajudou a localizar um disco rígido escondido atrás de uma televisão numa investigação de pornografia infantil, que a equipa humana tinha omitido.
Estes cães são particularmente vitais em casos de abuso doméstico e exploração infantil, onde a sua capacidade de encontrar dispositivos que contêm imagens ou comunicações incriminatórias é inestimável. A iniciativa, que começou com a Polícia Estadual de Connecticut em 2012, expandiu-se por todo o país, com agências como o FBI e departamentos de polícia locais a adotarem esta tecnologia. O treino destes cães, que pode durar entre seis a oito semanas, representa um investimento que aumenta significativamente a capacidade de investigação, permitindo que as equipas encontrem dispositivos em minutos que poderiam levar horas ou dias a serem descobertos por humanos.
O desenvolvimento desta capacidade canina começou com a identificação de compostos químicos associados a dispositivos eletrónicos. Químicos, como o Dr. Jack Hubbal da Polícia Estadual de Connecticut, identificaram o óxido de trifenilfosfina (TPPO) como um composto comum em componentes de memória, como chips e placas de circuito, que pode ser detetado pelos cães. Este avanço tecnológico representa um passo significativo na adaptação das táticas policiais à crescente complexidade do cibercrime na era digital.