Cientistas Descobrem Padrões Ocultos em Cantos de Pássaros que Espelham Regras da Linguagem Humana

Editado por: Vera Mo

Uma investigação pioneira, liderada por pesquisadores da Universidade de Manchester em colaboração com o Chester Zoo, revelou que as vocalizações das aves exibem padrões subtis que ecoam princípios fundamentais da linguagem humana.

O estudo, publicado na revista PLOS Computational Biology em 13 de agosto de 2025, sugere que os pássaros tendem a empregar sons mais curtos com maior frequência, alinhando-se com a Lei de Zipf da Abreviatura (ZLA). Este princípio, observado na comunicação humana, postula que elementos de uso mais frequente são tipicamente mais curtos para otimizar a eficiência. A análise, que abrangeu cantos de 11 populações de sete espécies de aves, utilizou um novo método analítico, um pacote R denominado ZLAvian. Os resultados indicaram uma inclinação geral para sons mais curtos, embora apenas uma das populações analisadas tenha demonstrado uma adesão robusta ao padrão ZLA.

A pesquisa remonta a observações feitas há mais de três décadas por Jack P. Hailman, que notou que os chapins-de-cabeça-preta frequentemente produziam sequências de chamados curtas com mais frequência do que longas, embora não estritamente em conformidade com a ZLA. Estudos anteriores, como um de 2013 sobre corvos comuns e um de 2020 sobre pinguins africanos cativos, também apresentaram resultados mistos quanto à presença da ZLA em vocalizações animais.

A inconsistência na aplicação da ZLA em aves pode ser atribuída à sensibilidade das suas vocalizações. Ao contrário das palavras humanas que podem ser abreviadas sem perda de significado, pequenas alterações nos cantos das aves podem distorcer drasticamente a sua mensagem. Por exemplo, em algumas espécies, as fêmeas avaliam a qualidade do macho com base em tons específicos, onde notas mais difíceis de produzir podem sinalizar melhor condição física. A alteração destas notas pode levar a interpretações erróneas e afetar a seleção de parceiros.

A ZLA tem as suas raízes no princípio do menor esforço, uma tendência biológica para a eficiência. Embora aplicada à linguagem falada e escrita nos humanos, a sua evidência no reino animal, incluindo primatas, golfinhos e morcegos, permanece limitada. A investigação atual encontrou padrões ténues em algumas populações de aves, mas a sua consistência é significativamente menor do que na linguagem humana. A equipa concluiu que, se a ZLA existe em aves, os padrões são consideravelmente mais fracos e menos estáveis.

Futuras investigações com conjuntos de dados mais amplos e amostragem mais diversificada são cruciais para determinar a aplicabilidade desta lei linguística à comunicação aviária. A análise de mais de 600 cantos de 11 populações de aves, abrangendo sete espécies distintas, revelou padrões de ZLA mais fortes quando os dados eram agregados a nível populacional, em comparação com análises individuais. Isto sugere que, embora a variabilidade individual possa obscurecer o padrão, uma tendência geral para a brevidade em sons de canto mais frequentes pode ser uma característica subjacente da comunicação aviária.

A equipa desenvolveu a ferramenta computacional de código aberto ZLAvian para facilitar futuras explorações destes padrões em aves e outros animais, reconhecendo que a complexidade da comunicação aviária, com vocabulários mais reduzidos e variações individuais significativas, apresenta desafios únicos em comparação com a linguagem humana.

Fontes

  • KOMPAS.com

  • University of Manchester

  • PubMed

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