Inteligência Artificial nas Universidades: De Programas Inovadores a Debates Éticos
Editado por: Olga Samsonova
Universidades globais estão ativamente explorando o potencial e as complexidades que a Inteligência Artificial (IA) introduz, remodelando as metodologias estabelecidas no ensino superior. A questão central que se coloca à comunidade acadêmica é se a IA se tornará um poderoso catalisador para a aprendizagem ou se, pelo contrário, levará a um enfraquecimento do pensamento independente e da capacidade crítica dos estudantes.
Experimentos institucionais para incorporar a IA na pedagogia estão se desenrolando em escala global. Um exemplo notável é o da Universidade do Texas em San Antonio (UTSA), que, em setembro de 2023, lançou um programa duplo de cinco anos, permitindo aos alunos obterem simultaneamente o grau de Doutor em Medicina e o Mestrado em Ciências no campo da IA. Outra iniciativa relevante veio da Universidade Northeastern, que, em abril de 2025, estabeleceu uma parceria com a Anthropic para testar a plataforma “Claude para o Ensino Superior”, disponibilizando a versão premium do Claude, com modo de aprendizagem, a 49.000 membros da sua comunidade. Na Ásia, a Universidade de Tsinghua, em Pequim, implementou um sistema de três níveis que utiliza o ChatGPT, bases de conhecimento verificadas e interfaces especializadas, incluindo um agente de IA dedicado a auxiliar os novos estudantes na adaptação. Em Abu Dhabi, a Universidade de Inteligência Artificial Mohamed Bin Zayed serve como um modelo de instituição totalmente focada na pós-graduação em IA.
Em contraste com as tendências de integração generalizada, algumas instituições mantêm um controle rigoroso sobre o uso da tecnologia. A Universidade de Sydney, por exemplo, insiste na realização de exames em salas de aula sob vigilância para garantir a manutenção do pensamento crítico. As universidades russas também buscam um ponto de equilíbrio: enquanto a Escola Superior de Gestão da SPbGU (São Petersburgo) impôs restrições ao uso da IA em certas áreas, instituições como a MGPU e a HSE trabalham ativamente para integrar essas tecnologias no processo educacional. Uma pesquisa realizada pela NIU HSE revelou que mais de 40% dos estudantes russos já utilizam a IA em seus estudos. Além disso, dados de fevereiro de 2025 da Associação Russa de Organizadores de Olimpíadas Estudantis indicam que 85% dos estudantes aplicam a IA para resolver tarefas, predominantemente para busca de informação (77%) e na preparação de trabalhos acadêmicos (43%).
Embora as tecnologias de IA acelerem a pesquisa científica através da análise de grandes volumes de dados e da identificação de padrões não óbvios, persistem receios quanto à dependência excessiva. Tal dependência pode diminuir a atividade cerebral e criar a falsa sensação de domínio do conhecimento. As questões éticas ganham destaque: de acordo com a UNESCO, dois terços das instituições de ensino superior estão atualmente desenvolvendo diretrizes para o uso da IA. Os educadores manifestam incerteza sobre a aplicação pedagógica eficaz e o impacto na justiça social. Especialistas concordam que a integração bem-sucedida exige regulamentos claros, formação adequada para os docentes e o cultivo de uma abordagem responsável. O futuro exige que as estruturas educacionais repensem seu papel, transformando os desafios atuais em oportunidades para desenvolver habilidades que as máquinas ainda não conseguem replicar.
Fontes
Jornal de Negócios
University of Texas at San Antonio
Northeastern University joins AI-higher ed experiment
Mohamed bin Zayed University of Artificial Intelligence
Duke University pilot project examining pros and cons of using artificial intelligence in college
UNESCO survey: Two-thirds of higher education institutions have or are developing guidance on AI use
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