Nova técnica de imagem híbrida revoluciona neurociência ao visualizar atividade cerebral em tempo real

Editado por: Maria Sagir

Uma técnica de imagem híbrida inovadora, denominada HyFMRI, está a abrir novas fronteiras na neurociência, permitindo aos cientistas visualizar simultaneamente a atividade neuronal, astrocitária e hemodinâmica no cérebro vivo. Esta inovação promete revolucionar a nossa compreensão dos processos cerebrais complexos, capturando a interação em tempo real entre as diversas células cerebrais e o fluxo sanguíneo de forma não invasiva. A capacidade de observar estas atividades em conjunto é crucial para desvendar o funcionamento cerebral, desde a cognição básica até às origens de distúrbios neurológicos.

O HyFMRI combina a imagem de fluorescência multiplexada, que utiliza marcadores especiais para rastrear a atividade de neurónios e astrócitos, com a informação espacial detalhada da Ressonância Magnética (RM). Esta fusão supera as limitações de métodos anteriores, que se focavam apenas num aspeto da função cerebral. Ao integrar estas técnicas complementares, o HyFMRI oferece uma visão mais completa e dinâmica da atividade cerebral.

A técnica utiliza proteínas fluorescentes avançadas que brilham em resposta a sinais específicos de neurónios e astrócitos. O componente de RM mapeia então o fluxo sanguíneo e a saturação de oxigénio, ligando a sinalização celular às reações vasculares. A observação simultânea da atividade neuronal e astrocitária em conjunto com o fluxo sanguíneo é fundamental para compreender o acoplamento neurovascular (NVC). O NVC é o mecanismo essencial que garante que as elevadas exigências energéticas do cérebro são satisfeitas por um fornecimento de sangue precisamente regulado. Os astrócitos, outrora considerados meras células de suporte, são agora reconhecidos como participantes ativos neste processo crucial. Estas células gliais em forma de estrela, estrategicamente posicionadas entre os neurónios e os vasos sanguíneos, desempenham um papel vital na modulação do fluxo sanguíneo em resposta à atividade neural. A capacidade do HyFMRI de visualizar a sinalização de cálcio astrocitária em conjunto com a atividade neuronal e as respostas vasculares fornece evidências diretas do seu papel regulador dinâmico.

A sua conceção envolveu a sincronização da deteção de fluorescência com sequências de RM e a utilização de algoritmos computacionais complexos para processar e integrar os dados obtidos. Uma vantagem fundamental do HyFMRI reside na sua natureza não invasiva, tornando-o inestimável para estudos longitudinais que acompanham as alterações cerebrais ao longo do tempo. As investigações iniciais em modelos animais produziram resultados notáveis, demonstrando com sucesso a atividade neuronal evocada por estímulos sincronizada com ondas de cálcio astrocitário e correspondentes alterações no fluxo sanguíneo. Estas descobertas sublinham a profunda interconexão dentro dos sistemas de suporte celular e vascular do cérebro.

As aplicações potenciais do HyFMRI são vastas, prometendo acelerar a investigação em condições neurológicas como a doença de Alzheimer, AVC e epilepsia, onde estão implicadas disfunções no acoplamento neurovascular e na função astrocitária. Ao mapear estas alterações patológicas com um detalhe sem precedentes, a técnica poderá abrir caminho para diagnósticos mais precoces e um monitoramento mais eficaz da eficácia do tratamento. Além disso, a flexibilidade inerente da técnica permite a sua adaptação para estudar diferentes tipos de células ou neurotransmissores específicos.

Este avanço não só estabelece um novo padrão em neuroimagem, como também fomenta a inovação ao encorajar a combinação de diversas tecnologias de imagem. Os ricos dados gerados pelo HyFMRI abrem também caminhos excitantes para a inteligência artificial analisar padrões cerebrais complexos. Embora atualmente validado em modelos animais, estão em curso esforços para traduzir o HyFMRI para estudos em humanos. A investigação fundamental por trás do HyFMRI foi publicada na prestigiada revista Light: Science & Applications.

Fontes

  • Scienmag: Latest Science and Health News

  • Light: Science & Applications

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