CogLinks: Um Novo Modelo Cerebral para o Avanço da Psiquiatria Algorítmica

Editado por: Maria Sagir

Uma colaboração de cientistas da Universidade de Tufts e da Universidade Ruhr de Bochum, na Alemanha, resultou no desenvolvimento de um modelo computacional inovador denominado CogLinks. Esta ferramenta, metaforicamente descrita como um "simulador de voo" para circuitos neurais, oferece aos investigadores a capacidade de analisar minuciosamente como o cérebro processa a tomada de decisões e ajusta o comportamento em resposta a alterações no ambiente externo. Os detalhes desta pesquisa foram divulgados na revista "Nature Communications" em 16 de outubro de 2025, onde se explica que o CogLinks consegue imitar funções cognitivas cruciais, como a aprendizagem, a correção de erros e a adaptação nas redes neurais.

Ao contrário de muitos sistemas de inteligência artificial que frequentemente operam como uma "caixa preta" impenetrável, o CogLinks distingue-se por ser um modelo biologicamente fundamentado. Ele reproduz com precisão a arquitetura e as conexões das células nervosas reais. O valor do modelo reside na sua capacidade de simular não apenas o desempenho bem-sucedido de tarefas cognitivas, mas também o colapso desses processos, um aspeto fundamental para a compreensão das perturbações mentais. Essa clareza intrínseca é vital, pois permite decifrar o modo como o cérebro formula "julgamentos" em cenários ambíguos, sustentando assim a escolha consciente e o comportamento flexível.

Para validar a precisão do modelo, a equipa realizou ensaios clínicos com voluntários, utilizando a ressonância magnética funcional (fMRI). Os participantes foram desafiados a completar uma tarefa que exigia uma mudança rápida de estratégia perante uma alteração súbita nas regras estabelecidas. Os resultados da fMRI corroboraram de forma robusta as previsões do CogLinks: o tálamo mediodorsal funciona como um verdadeiro "painel de controlo". Este núcleo coordena o planeamento flexível, que é gerido pelo córtex pré-frontal, com os hábitos automáticos, cuja regulação é atribuída ao estriado.

O grupo de investigação, sob a direção do Professor de Neurociências Michael Halassa, da Universidade de Tufts, considera este trabalho um marco inaugural para a "psiquiatria algorítmica". Esta nova disciplina propõe-se a empregar simulações computacionais para mapear com precisão as origens biológicas das doenças psiquiátricas, facilitando o desenvolvimento de intervenções terapêuticas mais direcionadas. O Professor Halassa sublinhou a importância de fundir a biologia, a computação e a prática clínica para obter uma representação mais fiel da mente humana. Ele afirmou categoricamente: "Se compreendermos como o cérebro se desvia da norma, poderemos aprender a reajustá-lo."

A Dra. Mien Braabeeva Wang, autora principal do estudo e estudante de doutoramento no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que trabalha no laboratório de Halassa, destacou uma aplicação crucial do CogLinks. Segundo ela, o modelo pode elucidar como as mutações ligadas à esquizofrenia, que afetam recetores em diversas regiões cerebrais, perturbam a organização da informação essencial para o pensamento flexível. Esta revelação oferece um mecanismo detalhado e observável para a compreensão da flexibilidade cognitiva e das suas disfunções, abrindo caminho para uma abordagem mais personalizada no tratamento psiquiátrico.

Fontes

  • globo.com

  • A ‘Flight Simulator’ for the Brain Reveals How We Learn—and Why Minds Sometimes Go Off Course | Tufts Now

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