Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins anunciaram um avanço significativo na ciência neurológica com o desenvolvimento de um organoide cerebral multi-regional (MRBO). Este modelo inovador, cultivado em laboratório, integra tecidos neurais de diversas áreas do cérebro e inclui vasos sanguíneos rudimentares, oferecendo uma representação mais fiel do desenvolvimento cerebral humano. Liderado pela Dra. Annie Kathuria, professora assistente de Engenharia Biomédica na Johns Hopkins, o projeto representa a próxima geração de organoides cerebrais.
Ao contrário de modelos anteriores focados em uma única região cerebral, o MRBO conecta tecidos de múltiplas regiões, sendo um dos primeiros organoides a apresentar essa integração funcional. Ele contém aproximadamente 80% dos tipos celulares encontrados em um cérebro humano em desenvolvimento, permitindo o estudo de múltiplos sistemas em interação. Essa capacidade é crucial para a investigação de distúrbios neurológicos complexos como autismo, esquizofrenia e doença de Alzheimer. A capacidade de observar o desenvolvimento dessas condições em tempo real e testar a eficácia de tratamentos em um modelo humano-celular abre novas avenidas para a pesquisa. O processo de criação envolveu o cultivo de células neurais de diferentes regiões cerebrais e vasos sanguíneos rudimentares, que foram unidos usando proteínas adesivas, permitindo que os tecidos formassem conexões e exibissem atividade elétrica coordenada. O modelo resultante possui cerca de 6 a 7 milhões de neurônios.
Este avanço tem implicações profundas para a área médica, especialmente considerando que entre 85% a 90% dos medicamentos falham em ensaios clínicos de Fase 1, com a taxa de falha para medicamentos neuropsiquiátricos chegando a 96%. O MRBO oferece uma plataforma mais precisa para testar a eficácia de novos medicamentos e tratamentos, potencialmente aumentando as taxas de sucesso em ensaios clínicos. A capacidade de estudar doenças que afetam o cérebro como um todo, em vez de regiões isoladas, representa um salto qualitativo na pesquisa neurológica, oferecendo esperança para descobertas futuras e tratamentos mais eficazes.