PARIS – O Primeiro-Ministro François Bayrou apresentou sua renúncia em 8 de setembro de 2025, após um voto de desconfiança na Assembleia Nacional. A moção contra o governo de Bayrou obteve 364 votos contrários e 194 a favor, selando sua saída do cargo.
Bayrou, que assumiu o posto em 13 de dezembro de 2024, enfrentou forte oposição às suas propostas de redução de défice. Seu plano de austeridade, que visava cortar 44 mil milhões de euros, incluía medidas como a eliminação de feriados públicos e a taxação de pensionistas, medidas que geraram considerável descontentamento. Os partidos da oposição, incluindo o Rassemblement National, o Partido Socialista e os Verdes, anunciaram previamente sua intenção de votar contra a moção de confiança, sendo essa oposição generalizada o fator determinante para a queda do governo.
Após a votação, o Ministro das Finanças, Éric Lombard, sugeriu que o plano de redução do défice poderia ser revisto, admitindo a necessidade de negociações com os partidos de esquerda. A renúncia de Bayrou representa um ponto de viragem significativo na política francesa, deixando o futuro das políticas fiscais do país em um estado de incerteza, enquanto o Presidente Emmanuel Macron pondera os próximos passos.
Éric Lombard, que anteriormente foi CEO da Caisse des Dépôts et Consignations de 2017 a 2024, foi nomeado Ministro da Economia e Finanças em 2024. Sua experiência anterior em instituições financeiras e sua nomeação para o gabinete de Bayrou sublinham a importância da gestão económica num período de instabilidade.
Michel Barnier, o antecessor de Bayrou, também foi destituído por um voto de desconfiança em dezembro de 2024, após apenas três meses no cargo, tornando-se o primeiro-ministro com o mandato mais curto na Quinta República Francesa. A instabilidade política tem sido uma característica marcante da França desde as eleições legislativas antecipadas de junho de 2024, que resultaram num parlamento sem maioria clara, dificultando a aprovação de legislação e a formação de governos estáveis.
O plano de austeridade de Bayrou, que visava reduzir o défice orçamental para abaixo de 3% do PIB até 2029, enfrentou críticas de vários quadrantes políticos. A esquerda considerou as medidas como uma "austeridade regressiva", enquanto a extrema-direita apontou para o aumento dos custos de eletricidade e do custo de vida. A dívida pública francesa, que atingiu cerca de 3,3 trilhões de euros no primeiro trimestre de 2025, representando 114% do PIB, continua a ser uma preocupação central, com os encargos de dívida a representarem uma parte significativa das despesas do Estado.