Ministros da Defesa da União Europeia manifestaram um amplo apoio à expansão da missão de treinamento militar do bloco para operar dentro da Ucrânia, como parte de garantias de segurança em caso de um cessar-fogo com a Rússia. A alta representante da UE para Relações Exteriores e Política de Segurança, Kaja Kallas, anunciou a decisão após uma reunião informal em Copenhague, em 29 de agosto de 2025.
A iniciativa visa fortalecer as defesas da Ucrânia e dissuadir futuras agressões russas, com a Europa comprometida em assumir a maior parte dessa responsabilidade, com os Estados Unidos oferecendo suporte. A UE já treinou mais de 80.000 soldados ucranianos, consolidando seu papel como o principal provedor de treinamento para as Forças Armadas da Ucrânia. A expansão proposta, que exigirá acordo unânime de todos os 27 estados-membros, pode incluir o envio de instrutores da UE para academias e instituições militares ucranianas.
Essa medida é vista como um sinal importante para os Estados Unidos, demonstrando a responsabilidade europeia na segurança do continente. A discussão sobre a expansão da missão ocorre em um contexto de tensões contínuas, com ataques recentes da Rússia a cidades ucranianas, como Kyiv, que causaram vítimas civis e danos a instalações diplomáticas. Esses atos foram condenados pelos líderes europeus, reforçando a necessidade de apoio robusto à Ucrânia.
Paralelamente, a UE está a avançar com a iniciativa "Readiness 2030", um plano estratégico de defesa proposto pela Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em março de 2025. Este plano visa mobilizar até 800 mil milhões de euros para fortalecer a infraestrutura de defesa europeia, respondendo a ameaças geopolíticas e incertezas sobre o apoio militar dos EUA.
No entanto, a expansão da missão de treinamento dentro da Ucrânia enfrenta potenciais obstáculos, como a necessidade de unanimidade entre os estados-membros, especialmente considerando a oposição anterior de países como a Hungria a maiores auxílios militares à Ucrânia. A Hungria tem contestado legalmente as decisões da UE relativas ao financiamento de ajuda militar à Ucrânia através de ativos russos congelados, argumentando que tais decisões foram tomadas sem o seu consentimento.
A Polônia, embora apoie a iniciativa de treinamento, prefere que ela permaneça em seu território, oferecendo suporte logístico e acesso a aeródromos. A missão de assistência militar da UE à Ucrânia (EUMAM Ukraine), estabelecida em outubro de 2022, tem sido fundamental no desenvolvimento das capacidades militares ucranianas. A extensão do seu mandato, com um orçamento de 409 milhões de euros para os próximos dois anos, sublinha o compromisso de longo prazo da UE com a segurança da Ucrânia.
A cooperação europeia em matéria de defesa ganha ímpeto, com a UE a demonstrar uma vontade crescente de agir coletivamente para garantir a estabilidade e a segurança na Europa e para além dela.