A China lançou duas investigações sobre importações de chips dos Estados Unidos e as práticas comerciais americanas, intensificando as tensões no setor de semicondutores. Estas ações ocorrem um dia antes de uma importante reunião entre autoridades de alto escalão dos EUA e da China em Madrid, Espanha, destinada a discutir tensões comerciais e segurança nacional.
O Ministério do Comércio chinês anunciou a abertura de uma investigação antidumping sobre certos chips de circuito integrado (CI) analógicos provenientes dos EUA, incluindo chips de interface e chips de driver de porta, que são frequentemente produzidos por empresas como Texas Instruments e ON Semiconductor. Dados preliminares indicam um aumento de 37% no volume de importações desses produtos de 2022 a 2024, enquanto o preço médio de importação caiu 52%, o que, segundo Pequim, prejudicou a indústria doméstica. A investigação abrange produtos fabricados em processos de 40nm ou maiores e tem previsão de conclusão até 13 de setembro de 2026, com possibilidade de extensão.
Paralelamente, a China iniciou uma investigação sobre supostas "medidas antidiscriminatórias" por parte dos EUA contra a indústria de semicondutores chinesa. Esta investigação visa contestar as restrições de exportação e outras políticas americanas que, segundo a China, visam conter o desenvolvimento de chips avançados e indústrias de alta tecnologia, como a inteligência artificial. Pequim considera essas práticas protecionistas e discriminatórias, violando as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Estas ações chinesas são uma resposta direta à recente inclusão de 23 empresas chinesas na "lista de entidades" dos EUA, citando preocupações com segurança nacional. A adição dessas empresas restringe seu acesso à tecnologia americana. O histórico de tensões no setor de semicondutores entre EUA e China é longo, com ambas as administrações impondo restrições ao acesso chinês a tecnologias avançadas, sob o argumento de segurança nacional por parte dos EUA e como estratégia de frear o avanço tecnológico chinês por parte da China.
As conversações em Madrid, que contarão com a presença do Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e do Vice-Primeiro-Ministro chinês, He Lifeng, abordarão essas questões críticas. No entanto, o tom combativo adotado pela China com estas investigações lança uma sombra sobre o potencial de um diálogo produtivo. As implicações dessas investigações e das conversações em Madrid serão significativas para a cadeia de suprimentos global e o futuro da indústria de tecnologia.