Paris, França – Em uma reviravolta política significativa, o Presidente francês Emmanuel Macron nomeou Sébastien Lecornu, até então Ministro das Forças Armadas, como o novo Primeiro-Ministro da França em 9 de setembro de 2025. A nomeação ocorre após a renúncia de François Bayrou, que enfrentou um voto de desconfiança no Parlamento.
Lecornu, de 39 anos, um aliado próximo de Macron, assume o cargo em um momento de considerável tensão política e social no país. Um dos seus desafios mais prementes será a elaboração do orçamento para 2026. O plano anterior, que previa um esforço orçamentário de 44 bilhões de euros, necessitará de revisões substanciais após negociações com os grupos parlamentares. O orçamento deve ser submetido à Assembleia Nacional até 7 de outubro, após consultas com o Alto Conselho das Finanças Públicas e o Conselho de Estado. A necessidade de sanear as finanças públicas é crítica, com a dívida francesa atingindo aproximadamente 114% do PIB.
Adicionalmente, o novo Primeiro-Ministro terá que lidar com a complexa situação da crise agrícola, exacerbada pela recente promulgação da Lei Duplomb. Esta legislação, que gerou uma petição com mais de 2,1 milhões de assinaturas, enfrenta um debate iminente na Assembleia Nacional. A lei, parcialmente censurada pelo Conselho Constitucional, levantou preocupações sobre seus potenciais impactos na saúde pública e no meio ambiente, com críticas apontando para a reintrodução de pesticidas proibidos e a facilitação de práticas de agricultura intensiva.
No setor energético, Lecornu herdará a responsabilidade de avançar com o programa plurianual de energia. Este programa visa reduzir a dependência de combustíveis fósseis e alcançar a neutralidade de carbono até 2050, com um forte impulso no setor nuclear e nas energias renováveis. Contudo, a proposta já gerou apreensão entre deputados, que temem um aumento nas contas de eletricidade para os cidadãos.
A nomeação de Lecornu não foi recebida sem controvérsia. Protestos em todo o país eclodiram em resposta à sua escolha, com manifestantes expressando descontentamento com a direção política atual. A oposição, tanto da esquerda quanto da extrema-direita, criticou a decisão de Macron. A líder da União Nacional, Marine Le Pen, classificou a nomeação como um “último suspiro do macronismo”, enquanto Jean-Luc Mélenchon, da França Insubmissa, declarou que apenas a saída de Macron poderia encerrar a crise. Cerca de 100 mil pessoas participaram de manifestações em toda a França, com mais de 80 mil agentes de segurança mobilizados.
Sébastien Lecornu, nascido em 11 de junho de 1986, possui formação em direito público e serviu como coronel na reserva da Gendarmerie Nacional. Sua carreira política inclui passagens como assessor de Bruno Le Maire, prefeito de Vernon, presidente do Conselho Departamental de Eure, e Ministro dos Territórios Ultramarinos, antes de assumir a pasta da Defesa em 2022. Sua nomeação como o quinto primeiro-ministro de Macron em menos de dois anos sublinha a instabilidade política que a França tem enfrentado. A situação atual exige uma governança ágil e adaptável para enfrentar os desafios econômicos e sociais, buscando um caminho de progresso e estabilidade para o país.