Em resposta à crescente tensão com os Estados Unidos e à presença naval americana no Caribe, a Venezuela intensificou suas estratégias de defesa nacional, mobilizando civis para treinamento militar e realizando exercícios em larga escala. O objetivo é reforçar a soberania e a capacidade de resposta do país diante de ameaças percebidas.
Em 13 de setembro de 2025, milhares de civis venezuelanos foram incorporados às milícias para receber instrução em manuseio de armas e táticas de "resistência revolucionária". O Ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, anunciou manobras militares na ilha de La Orchila, entre 17 e 19 de setembro de 2025, que envolveram mais de 2.500 militares, 12 navios de guerra, 22 aeronaves e 20 embarcações da milícia. As operações incluíram práticas de desembarque, defesa aérea, operações com drones, guerra eletrônica e missões de forças especiais, em linha com o conceito de "povo armado e preparado". Adicionalmente, em 20 de setembro de 2025, ocorreram sessões de treinamento militar em comunidades como Petare, em Caracas.
Essas ações ocorrem em um contexto de escalada de tensões com os Estados Unidos, que intensificaram sua presença militar no Caribe sob o pretexto de combater o narcotráfico. O Presidente Donald Trump anunciou ataques a embarcações venezuelanas, alegando o combate a cartéis de drogas, como o "Cartel de los Soles", que autoridades americanas afirmam ser liderado pela elite militar venezuelana. Em resposta, o governo venezuelano acusou os EUA de uma "guerra não declarada" e de buscar a mudança de regime.
A mobilização civil e os exercícios militares venezuelanos são vistos como uma demonstração de força. Analistas levantam questões sobre a eficácia prática dessas milícias civis em um conflito real e o potencial aumento de riscos de violência comunitária. A estratégia venezuelana de envolver a população na defesa nacional tem precedentes históricos na América Latina. No entanto, a atual escalada de tensões no Caribe, com manobras militares paralelas dos EUA e da Venezuela, aumenta a preocupação regional sobre um possível confronto armado.
A Venezuela adquiriu mísseis antinavio russos Kh-31 entre 2007 e 2008, fortalecendo suas capacidades de defesa. A situação reflete a complexidade das relações internacionais na região, onde a postulação militar e a mobilização civil podem ser tanto medidas defensivas quanto ações de escalada.