Em dezembro de 2024, a União Europeia (UE) e os países do Mercosul – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – concluíram as negociações para um acordo de livre comércio. Este marco histórico estabelece a maior zona de comércio livre do planeta, sendo o resultado de mais de duas décadas de negociações. O entendimento visa aprofundar as relações econômicas e políticas entre os dois blocos, promovendo maior interconexão e oportunidades compartilhadas.
O acordo abrange uma população combinada de mais de 700 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) conjunto de aproximadamente 22 trilhões de dólares, representando um passo significativo para a liberalização do comércio global. A Comissão Europeia projeta que esta parceria poderá impulsionar as exportações da UE para o Mercosul em até 39%, o que se traduz em cerca de 49 bilhões de euros adicionais e o suporte a mais de 440.000 empregos na Europa. A redução de tarifas em setores industriais chave, como automóveis, máquinas e produtos farmacêuticos, é um dos pilares deste acordo, facilitando o intercâmbio comercial e o acesso a bens essenciais.
Além dos benefícios econômicos, o pacto incorpora compromissos relevantes em matéria de proteção ambiental, incluindo a adesão aos princípios do Acordo de Paris e a implementação efetiva da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES). Contudo, grupos ambientalistas apontam a necessidade de medidas mais robustas e aplicáveis para garantir a sustentabilidade das práticas comerciais.
O acordo envia uma mensagem clara sobre a importância do comércio justo e aberto em um cenário global de crescentes incertezas e tensões comerciais. Alemanha e Espanha têm manifestado apoio ao acordo, reconhecendo seu potencial para fortalecer a posição da Europa no comércio internacional. No entanto, países como França e Polônia expressaram preocupações significativas, principalmente relacionadas ao impacto potencial no setor agrícola, questionando a competitividade de produtos importados e a conformidade com os padrões sanitários, ambientais e de segurança alimentar da UE.
A finalização deste acordo representa uma oportunidade para aprofundar a cooperação, impulsionar o crescimento econômico e promover um desenvolvimento mais integrado entre a Europa e a América do Sul. A jornada para a aprovação final e implementação envolverá processos internos em cada nação membro, exigindo a construção de consensos e o alinhamento de visões para um futuro de prosperidade compartilhada e responsabilidade mútua.