As autoridades russas, através da Roskomnadzor, anunciaram restrições parciais às chamadas de voz e vídeo nos aplicativos WhatsApp e Telegram em 13 de agosto de 2025. A justificativa oficial para a medida é o combate a atividades criminosas, como fraudes, extorsão e envolvimento em atividades subversivas e terroristas, que, segundo o órgão regulador, têm utilizado predominantemente essas plataformas estrangeiras.
As restrições, que já vinham sendo relatadas por usuários desde o início de agosto, foram confirmadas pela Roskomnadzor, que afirmou que apenas as funcionalidades de chamadas são afetadas. A agência reguladora também mencionou que os aplicativos ignoraram repetidos pedidos para implementar contramedidas. O Ministério do Desenvolvimento Digital indicou que o acesso às chamadas poderá ser restaurado caso os aplicativos cumpram a legislação russa, incluindo pedidos de acesso a dados por parte das forças de segurança.
Esta ação faz parte de uma estratégia mais ampla da Rússia para fortalecer seu controle sobre a internet e reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras, promovendo o aplicativo doméstico MAX, desenvolvido pela VK. Lançado em beta em março de 2025, o MAX já conta com mais de 2 milhões de registros e será pré-instalado em todos os smartphones vendidos na Rússia a partir de setembro de 2025. Instituições estatais são incentivadas a migrar suas comunicações para a plataforma.
O WhatsApp possui cerca de 96 milhões de usuários mensais na Rússia, enquanto o Telegram tem mais de 89 milhões, tornando-os ferramentas de comunicação essenciais para milhões de russos. Em resposta, um porta-voz da Meta, proprietária do WhatsApp, enfatizou o compromisso da empresa com a comunicação segura e a privacidade, afirmando que a empresa "desafia as tentativas do governo de violar o direito das pessoas à comunicação segura". O Telegram declarou que "combate ativamente o uso indevido de sua plataforma", removendo milhões de conteúdos prejudiciais diariamente.
A Rússia tem intensificado seus esforços de controle da internet, especialmente desde 2022, com leis que visam a soberania digital e o bloqueio de plataformas estrangeiras não conformes. A estratégia russa de "internet soberana" busca centralizar a gestão do tráfego online e reduzir a influência de empresas de tecnologia ocidentais. As restrições atuais sinalizam um passo contínuo em direção a um ecossistema digital mais controlado pelo Estado e a promoção de soluções tecnológicas internas.