Putin abre-se a encontro com Zelensky sob condições; alianças globais em reconfiguração no desfile chinês

Editado por: Татьяна Гуринович

O Presidente russo Vladimir Putin declarou estar condicionalmente aberto a um encontro com o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Esta declaração surge no contexto da sua participação num significativo desfile militar em Pequim, a 3 de setembro de 2025, que assinalou o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. A presença de Putin, ao lado do líder norte-coreano Kim Jong Un e do Presidente chinês Xi Jinping, foi amplamente interpretada como um indicativo de reconfiguração das alianças globais e um desafio à ordem mundial liderada pelos Estados Unidos.

Putin estipulou que um diálogo com Zelensky só seria viável se o encontro fosse bem preparado e gerasse resultados concretos. As pré-condições apresentadas por ele incluem a suspensão da lei marcial na Ucrânia, a realização de eleições e um referendo sobre questões territoriais, ecoando as reivindicações russas de anexação de quatro regiões ucranianas em 2022, que não são reconhecidas internacionalmente. Por outro lado, Zelensky tem procurado ativamente conversas diretas com Putin para um acordo de paz, um anseio que também encontrou apoio em declarações do Presidente dos EUA, Donald Trump, que se ofereceu para mediar.

O desfile militar em Pequim, descrito como o maior da história da China, não foi apenas uma demonstração de poderio militar, com a exibição de armamentos avançados como mísseis hipersônicos e drones. Serviu também como um palco diplomático crucial. A reunião de Xi, Putin e Kim Jong Un, líderes de nações frequentemente vistas como opositoras à influência ocidental, sublinhou um crescente alinhamento estratégico. Analistas indicam que esta convergência sinaliza uma mudança nas dinâmicas de poder globais, com a China a projetar a sua influência e a fortalecer laços com parceiros que partilham uma visão crítica da ordem internacional existente.

O Presidente Trump comentou o evento, sugerindo uma conspiração contra os Estados Unidos e minimizando a força aparente desta aliança. O contexto histórico do conflito Rússia-Ucrânia, iniciado em fevereiro de 2014 com a anexação da Crimeia pela Rússia e escalado para uma invasão em larga escala em fevereiro de 2022, contextualiza a complexidade da situação atual. A guerra, que já causou mais de 14.000 mortes antes da invasão de 2022 e deslocou milhões de ucranianos, é vista por Putin não como uma expansão territorial, mas como uma defesa de "direitos populares" e uma resposta à expansão da OTAN.

A resiliência ucraniana e a mobilização da sua sociedade civil após quase uma década de conflito têm sido notáveis, demonstrando uma unidade e capacidade de resistência que surpreenderam muitos observadores. A articulação entre Rússia, China e Coreia do Norte, embora sem formalização de alianças militares conjuntas, representa um eixo geopolítico que redefine relações de poder. A troca de tecnologia militar entre Rússia e Coreia do Norte, facilitada pela influência económica da China, e a crescente desdolarização no comércio bilateral entre Rússia e China, são indicativos de um mundo multipolar em formação. A postura cautelosa da China em relação a alianças, aprendendo com experiências históricas como a Guerra da Coreia, molda a sua estratégia atual, priorizando os seus próprios interesses nacionais em meio a um cenário de crescente instabilidade e redefinição de parcerias globais.

Fontes

  • Daily Mail Online

  • Reuters

  • Financial Times

  • Reuters

  • France 24

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