A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) concordou em aumentar a produção de petróleo em 137.000 barris por dia (bpd) a partir de novembro de 2025. Esta decisão estratégica visa recuperar quota de mercado num cenário de crescente produção de petróleo de xisto dos EUA e de padrões de procura global em evolução, ao mesmo tempo que procura equilibrar a estabilidade dos preços com a transição energética em curso. O aumento surge na sequência de ajustes incrementais na produção ao longo de 2025, incluindo um aumento de 411.000 bpd em maio. A OPEP+ procura assim responder às pressões do mercado e garantir a sua posição num panorama energético em transformação.
O aumento de produção, embora modesto, sinaliza uma recalibração deliberada por parte da OPEP+ na sua abordagem aos mercados globais de petróleo. A organização procura equilibrar a manutenção da estabilidade dos preços com a recuperação de quota de mercado, que foi erodida pela crescente produção de fontes não-OPEP+, como os Estados Unidos, Brasil e Guiana. Esta estratégia é implementada num momento em que a Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que a procura global de petróleo cresça 740.000 bpd em 2025, um pouco acima da previsão do mês anterior. Além disso, a procura global de petróleo continue a crescer até ao final da década, com um aumento estimado de 2,5 milhões de bpd entre 2024 e 2030. No entanto, a AIE também projeta que a capacidade de produção global de petróleo exceda a procura, aumentando em mais de 5 milhões de bpd até 2030, o que levanta preocupações sobre um potencial excesso de oferta. A AIE prevê que a oferta global de petróleo aumente 2,7 milhões de bpd em 2025, atingindo 105,8 milhões de bpd.
Analistas preveem que este aumento de produção possa não causar uma queda significativa nos preços do petróleo, com o crude a manter-se provavelmente na faixa de 75 a 85 dólares por barril para o resto de 2025. Esta perspetiva é sustentada pela abordagem cautelosa da OPEP+ e pela sua flexibilidade em ajustar a produção com base nas condições de mercado. Contudo, algumas projeções indicam um potencial declínio nos preços do petróleo para 59 dólares por barril até ao final de 2025, caso se materialize um excedente global de petróleo.
O investimento global em energia de transição atingiu um recorde de 2,1 biliões de dólares em 2024, um aumento de 11% em relação ao ano anterior, indicando um forte impulso para as energias renováveis. A AIE prevê que os investimentos globais em energia atinjam um recorde de 3,3 biliões de dólares em 2025, com cerca de dois terços desse valor destinados a energias renováveis, energia nuclear, redes, armazenamento de energia e combustíveis de baixo carbono. Em contraste, o investimento em petróleo e gás upstream está previsto diminuir 6% em 2025. Este declínio é impulsionado principalmente por uma acentuada redução nos gastos em petróleo de xisto nos EUA, que podem diminuir quase 10%. O investimento em projetos convencionais de petróleo, tanto existentes como novos, deverá mostrar-se mais resiliente em 2025.
A decisão da OPEP+ de aumentar a produção de petróleo em novembro de 2025 representa um ato de equilíbrio delicado. Por um lado, é uma resposta pragmática às pressões do mercado, visando garantir quota de mercado face ao aumento da oferta não-OPEP+ e apoiar economias dependentes do petróleo. A abordagem medida, com flexibilidade para ajustes, sugere um desejo de evitar a volatilidade de preços que poderia prejudicar tanto produtores como consumidores. Por outro lado, o potencial para um excedente global de petróleo em 2025, conforme indicado pelas previsões, representa um risco significativo de queda nos preços, o que poderia minar estes objetivos e impactar a saúde fiscal de algumas nações membros.
Além disso, a decisão cruza-se com a crítica transição energética global. Embora o foco imediato seja a dinâmica do mercado petrolífero, o aumento da oferta poderá, inadvertidamente, tornar os projetos de energia renovável menos competitivos a curto prazo, abrandando potencialmente o progresso em direção às metas climáticas. Em contrapartida, o crescente investimento em tecnologias de transição energética destaca uma tendência paralela e acelerada com a qual a estratégia da OPEP+ tem de lidar cada vez mais. A necessidade de portefólios de investimento diversificados é corretamente identificada como uma estratégia prudente para navegar neste cenário energético complexo e em evolução. O fundo United States Oil Fund (USO) em 5 de outubro de 2025 é negociado a 71,71 dólares por ação.