Ministros da União Europeia reuniram-se em Copenhaga, Dinamarca, em 19 de setembro de 2025, para debater um plano crucial para utilizar os ativos russos congelados como forma de apoio financeiro à Ucrânia. A iniciativa visa canalizar fundos provenientes de ativos imobilizados para auxiliar o governo ucraniano, que tem enfrentado desafios económicos significativos devido ao conflito em curso.
Durante o encontro, o Ministro das Finanças alemão, Lars Klingbeil, sublinhou a necessidade de uma análise aprofundada da proposta, aguardando propostas concretas da Comissão Europeia para garantir o avanço do processo. A Alemanha manifestou o seu compromisso em facilitar o progresso nesta matéria. Por sua vez, o Ministro da Economia espanhol, Carlos Cuerpo, expressou o apoio da Espanha à iniciativa, destacando os esforços do país para reduzir a sua dependência de gás natural liquefeito russo. Esta posição reflete uma abordagem coordenada entre os estados-membros da UE para encontrar soluções financeiras sustentáveis para a Ucrânia.
A União Europeia tem explorado ativamente mecanismos para redirecionar os lucros gerados por estes ativos congelados. Em março de 2025, a Comissão Europeia já havia discutido o potencial uso dos lucros extraordinários obtidos com os ativos russos imobilizados. Estima-se que os ativos russos congelados na UE totalizem aproximadamente 210 mil milhões de euros 194 mil milhões de euros, a maior parte dos quais se encontra na Bélgica, no repositório de valores mobiliários Euroclear. Cerca de 300 mil milhões de dólares americanos estão em ativos do banco central russo, imobilizados nos países do G7.
Dos 194 mil milhões de euros em valores mobiliários, cerca de 170 mil milhões já se tornaram dinheiro, uma vez que os valores mobiliários foram resgatados desde o seu congelamento, quando Moscovo invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.
O Ministro das Finanças ucraniano, Sergii Marchenko, reiterou a importância vital do apoio internacional para o orçamento do seu país, salientando que o financiamento externo já ultrapassou os 132 mil milhões de dólares 138,75 mil milhões de dólares desde o início da invasão russa. De acordo com as estimativas da Ucrânia, a necessidade de financiamento externo para os próximos quatro anos, no âmbito de um novo programa com o FMI, poderá ascender a 150 a 170 mil milhões de dólares. Em 2025, a Ucrânia espera cobrir integralmente as suas necessidades de financiamento externo, no valor de 39,3 mil milhões de dólares. O debate em Copenhaga surge num momento em que o Grupo dos Sete (G7) também tem vindo a discutir a aceleração das negociações sobre a utilização de ativos russos congelados para apoiar a defesa da Ucrânia. Em setembro de 2025, os ministros das Finanças do G7 concordaram em acelerar estas discussões, com o objetivo de aumentar a pressão financeira sobre a Rússia e fortalecer o apoio à Ucrânia.
A Comissão Europeia está a considerar a possibilidade de utilizar os ativos russos congelados para conceder à Ucrânia um «empréstimo de reparação». A essência do mecanismo é que a Ucrânia só será obrigada a reembolsar o empréstimo depois de receber uma compensação da Rússia pelos danos causados pela operação militar.
«A Comissão propõe um empréstimo de reparação, ou seja, essencialmente a concessão de um empréstimo à Ucrânia à custa dos saldos de caixa dos ativos russos imobilizados, sem afetar as reivindicações da Rússia sobre esses ativos», afirmou o Comissário Económico da UE, Valdis Dombrovskis, aos jornalistas, preparando-se para as negociações dos ministros das Finanças da UE em Copenhaga.
Representantes da UE, familiarizados com os detalhes do plano, explicaram que, caso a Hungria se recuse a aderir à iniciativa, o novo esquema poderá ser implementado não ao nível dos 27 Estados-membros da União, mas sob a forma de um acordo intergovernamental entre os Estados dispostos a participar. Esta abordagem, segundo os funcionários europeus, evitará o uso do direito de veto por parte de membros individuais da UE.
A Rússia, por sua vez, alertou para graves consequências para o sistema financeiro global caso os seus ativos sejam confiscados, com a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, a afirmar que tais ações não passariam impunes. A proposta de utilizar os ativos russos congelados representa um passo significativo na resposta económica da Europa ao conflito.
Apesar do apoio à iniciativa por parte de alguns países, existem também sentimentos céticos. O Ministro das Finanças belga, Vincent Van Peteghem, expressou preocupação, classificando a proposta como «bastante vaga» e sublinhando a necessidade de partilha de riscos entre todos os Estados-membros da UE. O Banco Central Europeu também apelou a uma maior detalhação da proposta da Comissão Europeia.
A abordagem cautelosa defendida por alguns líderes, como o Ministro Klingbeil, reflete a complexidade das questões legais e financeiras envolvidas, ao mesmo tempo que demonstra um compromisso coletivo em encontrar caminhos para apoiar a Ucrânia de forma eficaz e sustentável. A discussão em Copenhaga sublinha a determinação da UE em encontrar soluções inovadoras para enfrentar os desafios económicos impostos pela guerra, visando a estabilidade e a recuperação da Ucrânia.