As tensões comerciais entre os Estados Unidos e a Índia aumentaram significativamente com o cancelamento das conversações comerciais agendadas, que deveriam ocorrer em Nova Deli de 25 a 29 de agosto de 2025. Esta decisão, anunciada por um oficial americano, adianta a implementação de novas tarifas americanas sobre bens indianos, elevando algumas taxas para até 50%. O Presidente dos EUA citou a contínua importação de petróleo russo pela Índia como a justificativa para estas tarifas mais elevadas.
As negociações anteriores já haviam enfrentado dificuldades após cinco rodadas, principalmente devido à relutância da Índia em abrir seus setores agrícola e de laticínios e em cessar as importações de petróleo russo. A decisão de cancelar as conversações e impor tarifas mais altas representa um revés considerável para o acordo comercial bilateral, que visava aumentar o comércio entre os dois países para mais de 500 mil milhões de dólares até 2030, a partir dos atuais 191 mil milhões de dólares em 2024. O Primeiro-Ministro indiano, Narendra Modi, reafirmou o compromisso do país com a autossuficiência na manufatura e a proteção dos interesses dos agricultores, pescadores e criadores de gado indianos. A Índia tem defendido suas importações de petróleo russo, argumentando que são guiadas por fatores de mercado e pela necessidade de garantir a segurança energética para sua população. O país também apontou que outras nações, incluindo os EUA e a União Europeia, continuam a negociar com a Rússia.
Analistas indicam que as tarifas mais elevadas, que podem atingir até 50% sobre bens indianos, afetarão setores de exportação essenciais como têxteis, joias, produtos do mar, componentes automotivos e agricultura. Estima-se que cerca de 55% das exportações de bens indianos para os EUA, avaliadas em aproximadamente 60,85 mil milhões de dólares, estejam agora sujeitas a estas tarifas. Setores intensivos em mão de obra, como joias e gemas, com quase 30% das exportações destinadas aos EUA, podem sofrer um impacto severo, com projeções de perdas de vendas no exterior entre 30 e 35 mil milhões de dólares. Isso pode reduzir o crescimento do PIB em até um ponto percentual. A situação levanta questões sobre o futuro das relações comerciais EUA-Índia e o impacto dessas disputas comerciais nos laços diplomáticos. A Índia, por sua vez, busca fortalecer sua resiliência econômica e diversificar seus mercados de exportação, ao mesmo tempo em que mantém sua política energética, que considera crucial para a estabilidade econômica interna. A decisão dos EUA de impor tarifas, vista pela Índia como injustificada, reflete um momento de realinhamento nas relações econômicas globais, onde as alianças geopolíticas e as necessidades energéticas nacionais se entrelaçam de maneiras complexas.