Uganda está a dar um passo monumental na vanguarda da revolução digital com a inauguração do primeiro centro de dados de Inteligência Artificial (IA) da África. O projeto, denominado The Aeonian Project, é uma iniciativa da Synectics Technologies em parceria com gigantes da indústria como a Schneider Electric e a Nvidia, com o objetivo de fortalecer a soberania digital do continente e reduzir a dependência de infraestruturas estrangeiras.
O centro de dados, com um investimento de 1,2 mil milhões de dólares, está projetado para operar com 100 megawatts de energia renovável, representando um marco significativo para a África, que atualmente responde por menos de 1% da capacidade global de centros de dados. A instalação, localizada perto da Usina Hidrelétrica de Karuma, utilizará energia renovável e arrefecimento natural da água do rio Nilo, demonstrando um compromisso com a sustentabilidade.
O projeto, com um design modular para expansão futura, tem início previsto para meados de 2026, com a primeira fase a incluir um módulo de IA de 15 MW e um supercomputador de 10 MW. A capacidade total deverá ser alcançada até 2028. A iniciativa abrange quatro objetivos principais: gestão e processamento de dados, apoio à pesquisa e desenvolvimento, atuação como centro consultivo e hospedagem de um Centro de Excelência em IA.
Este centro, operando sob um modelo Build-Operate-Transfer, visa capacitar talentos locais para gerir e inovar dentro da instalação. A construção desta "cidade digital" abrange mais de 80 acres, com o objetivo de criar um ecossistema para que investigadores africanos otimizem inovações impulsionadas por IA localmente.
A parceria com a Nvidia, líder em computação de IA, é crucial para o desenvolvimento do supercomputador USIO, que utilizará a plataforma Blackwell da Nvidia. A Schneider Electric contribui com a sua experiência em gestão de energia e automação, garantindo a eficiência e a fiabilidade da infraestrutura. A Turner & Townsend é também um parceiro chave neste empreendimento.
A iniciativa está alinhada com a meta de emissões líquidas zero e cumpre os padrões internacionais, assegurando o futuro digital da África. Analistas preveem que a IA poderá contribuir com até 1,5 biliões de dólares para o PIB da África até 2030, posicionando o continente como um centro de pesquisa, inovação e exportação de competências.
A falta de infraestrutura em larga escala tem sido um impedimento para investimentos de hiperescala em África, mas este novo centro de dados visa mudar esse cenário. A instalação contará com múltiplas rotas de fibra, transformadores redundantes e automação avançada para garantir a fiabilidade. A integração de estruturas de privacidade e conformidade visa construir confiança juntamente com a infraestrutura.
Este centro de dados de IA, alimentado por energia renovável, é visto como um catalisador para as economias digitais em toda a África Oriental e um símbolo da entrada do continente na Quarta Revolução Industrial. A iniciativa também se alinha com esforços mais amplos em todo o continente, como os planos da Cassava Technologies para implementar uma fábrica de IA na África do Sul, indicando um movimento crescente para fortalecer a capacidade de computação e a soberania de dados africanos.
A falta de dados localmente relevantes e de poder computacional são barreiras significativas para a adoção da IA em África, mas projetos como este são passos cruciais para superar esses desafios e desbloquear o vasto potencial do continente.