«Pretty Crimes» é a segunda faixa lançada do álbum Illusionaires.
Lachlan X. Morris Opta Pela Experiência Sonora Viva
Editado por: Inna Horoshkina One
Em uma era onde a música parece ter se dissolvido quase inteiramente no ruído digital, o cantor e compositor de Newcastle, Lachlan X. Morris, está trilhando um caminho que, à primeira vista, parece anacrônico, mas que, na verdade, sinaliza uma nova tendência emergente.
Seu quinto álbum, intitulado Illusionaires, será lançado exclusivamente em formatos físicos: vinil e CD. Isso significa um corte deliberado: sem plataformas de streaming, sem sugestões algorítmicas e sem a interferência dos mecanismos de recomendação.
Este ato não deve ser interpretado como um protesto ou rebeldia. É, antes, uma escolha estética pela forma que devolve o corpo à música e a presença ao ouvinte. É um retorno ao tangível em meio ao etéreo digital.
A Música Retorna ao Espaço Físico
A onipresença do streaming tornou a música infinitamente acessível, mas, paradoxalmente, também a tornou descartável. Morris recusa conscientemente essa dinâmica de consumo rápido.
Ele propõe ao ouvinte algo diferente do fluxo constante de música “de fundo”. Ele oferece um estado onde a música:
Ocupa um lugar definido no ambiente;
Exige atenção focada;
É sentida e experimentada pelo corpo;
Possui peso e textura perceptíveis.
Isso representa um resgate da época em que um álbum não era apenas um arquivo digital, mas sim um objeto físico que se toca e se manuseia. Illusionaires se posiciona exatamente como tal objeto.
Vinil Sentido: Uma Tiragem Limitada a 150 Cópias
A primeira edição do álbum é extremamente restrita, contando com apenas 150 discos de vinil. Estes foram prensados na Zenith Records, a maior fábrica de vinil do Hemisfério Sul. Esta limitação não visa criar um elitismo artificial; é uma consequência da escolha do formato, que inerentemente exige:
Um ritmo mais lento;
Maior atenção por parte do consumidor;
Um envolvimento mais profundo com a obra.
Quando a disponibilidade é escassa, o valor não é medido pelo volume de ouvintes, mas sim pela intensidade da conexão de cada um deles com o material.
O Caminho Independente: Música Sem Intermediários
O lançamento será feito através da Hiss & Crackle Records, um selo de Newcastle que garante aos artistas 100% dos lucros gerados. Em um cenário onde a economia do streaming tende a desvalorizar o trabalho criativo, este modelo de negócios é quase revolucionário, embora seja conduzido com uma maturidade e serenidade notáveis.
A gravação do disco levou mais de dois anos, realizada nos RTN Studios em Mayfield. O evento de lançamento está agendado para o The Stag & Hunter Hotel, um local onde o som existe no ar, e não aprisionado em um algoritmo.
Contexto Global: O Retorno ao Tátil
No contexto atual, marcado pela hegemonia da distribuição digital e pela ascensão meteórica da música gerada por Inteligência Artificial que domina as paradas, a decisão de Morris adquire um simbolismo poderoso.
✨ As pessoas estão exaustas da velocidade incessante.
✨ Cansadas do conteúdo descartável e efêmero.
✨ Fartas de um som que não pertence a lugar algum.
A música física resgata sensações fundamentais:
A percepção do tempo cronológico;
A consciência do corpo;
A vivência plena do momento;
A importância do contato humano;
A sensação de lar e pertencimento.
Isto não é um confronto direto com a tecnologia, mas sim um ajuste de equilíbrio necessário.
O Significado Profundo: Buscamos o Som Que Podemos Sentir
Illusionaires evidencia uma tendência crucial: a música do futuro não será necessariamente mais rápida, mais alta ou mais inteligente. Ela será, fundamentalmente, mais profunda.
A Inteligência Artificial é capaz de replicar padrões. Os algoritmos podem prever preferências. O streaming garante a velocidade de acesso.
Contudo, a tátil, a vibração e o ressonância genuína são criados pelo ser humano, pois ele próprio é o portador do som vivo. O lançamento físico é, portanto, um passo para dentro, não um retrocesso.
A música está retornando às suas raízes. As pessoas estão retornando à música. E a atenção se reafirma como a ferramenta primordial de percepção.
Os algoritmos refletem o que é de massa. O artista cria o singular. E enquanto existirem criadores como este, a música permanecerá um organismo vivo, e não apenas um fluxo de dados numéricos.
Fontes
Newcastle Herald
Newcastle Live
Happy Mag
TheMusic.com.au
Newcastle Live
HISS & CRACKLE RECORDS
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