A China está a reforçar a sua segurança alimentar e a eficiência agrícola através de uma estratégia que combina inovações tecnológicas de ponta com planeamento estratégico. O Plano Nacional de Ação para Agricultura Inteligente, lançado em outubro de 2024 e válido até 2028, visa digitalizar o setor agrícola, integrando big data, GPS e inteligência artificial (IA) nos processos de produção.
O cultivo de mirtilos tem demonstrado um crescimento significativo na China, com o desenvolvimento de novas variedades que permitem colheitas mais precoces e rendimentos mais elevados. Estufas inteligentes, equipadas com tecnologias de Internet das Coisas (IoT) e 5G, otimizam a gestão climática e do solo. Em Huaining, Anhui, por exemplo, estas estufas permitem o controlo automático do ambiente, com um gestor a supervisionar campos de mirtilos dezenas de hectares através de um smartphone. Esta tecnologia antecipa a chegada dos mirtilos de estufa ao mercado em março, dois meses antes dos cultivados ao ar livre, duplicando a produção.
Paralelamente, novas políticas de apoio à biotecnologia agrícola estão a impulsionar ferramentas de edição genética e o desenvolvimento de novas variedades de culturas. O objetivo é garantir fontes de sementes independentes e controláveis para culturas essenciais, fortalecendo a segurança alimentar nacional. Em 2023, a China aprovou a produção comercial de 37 variedades de milho e 14 de soja geneticamente modificadas, com o intuito de reduzir custos de produção, minimizar perdas por pragas e aumentar o rendimento. A taxa de contribuição do progresso científico e tecnológico agrícola nacional atingiu 62,4% em 2022, evidenciando um forte apoio ao desenvolvimento agrícola de alta qualidade.
A mecanização agrícola na China também tem avançado significativamente. Em 2023, a taxa de mecanização nacional na cultura e colheita de culturas ultrapassou os 73%, com 1,8 milhão de unidades de maquinaria agrícola equipadas com terminais de operação de navegação Beidou. O Plano Nacional de Ação para Agricultura Inteligente 2024-2028 prevê o estabelecimento de uma estrutura tecnológica de plantio digital e uma plataforma nacional de big data agrícola até 2028, com a expectativa de que a taxa de integração digital na produção agrícola nacional exceda 32% até o mesmo ano. Estas iniciativas refletem um compromisso mais amplo para modernizar a agricultura, aumentar a produtividade e garantir a segurança alimentar para a sua vasta população, ao mesmo tempo que se enfrentam desafios como a escassez de água e as alterações climáticas.
Em 2024, a China cultivou mais de 73.000 hectares de mirtilos, produzindo cerca de 500.000 toneladas, consolidando-se como um dos maiores produtores da Ásia. Províncias como Yunnan destacam-se, contribuindo com cerca de 30% da produção nacional, graças a condições climáticas favoráveis e uma estação de crescimento prolongada. A indústria de mirtilos em Yunnan atraiu mais de 100 empresas, gerando empregos para mais de 100.000 pessoas e um valor de indústria estimado em 17 mil milhões de yuan em 2024.