O filme ganês "O Pescador" celebrou a sua estreia em Acra no dia 19 de setembro de 2025, reunindo uma notável assembleia de criativos e entusiastas do cinema.
A obra, escrita e dirigida por Zoey Martinson, acompanha a jornada de um pescador idoso, Atta Oko, na busca por um novo barco. A narrativa entrelaça o folclore ganês com temas contemporâneos, apresentando Atta Oko numa aventura até à cidade, acompanhado por um peixe falante e três jovens aspirantes a pescadores. O seu objetivo é obter um empréstimo para adquirir uma embarcação, enfrentando desafios desde o início.
O filme conta com a atuação de Ricky Adelayitor no papel principal de Atta Oko e a participação do veterano ator Fred Amugi. A história de Atta Oko, que sonha em se tornar o líder de barco da sua vila após anos de trabalho árduo, ganha um toque surreal com o encontro com um peixe falante, interpretado como uma mensagem tradicional. A sua busca por financiamento para um barco, juntamente com três amigos, forma o cerne da trama, explorando a tensão entre tradição e modernidade.
Zoey Martinson, a realizadora e argumentista, inspira-se nas suas experiências em comunidades piscatórias no Quénia e no seu desejo de explorar mundos para além do oceano. A sua visão artística procura utilizar a fantasia para lançar luz sobre os custos do desenvolvimento e da globalização na vida tradicional ganense, capturando o humor peculiar do país. Martinson, com um percurso que inclui trabalho humanitário e foco em justiça social, traz uma perspetiva única que enriquece a narrativa com profundidade cultural e relevância social.
"O Pescador" já conquistou atenção internacional, tendo sido selecionado para o Biennale College Cinema do Festival de Cinema de Veneza e exibido no Festival de Cinema Africano de Nova Iorque. Este reconhecimento sublinha o potencial do filme em fundir o folclore ganês com temas atuais, tendo inclusive recebido a prestigiada Medalha Fellini da UNESCO em Veneza, um prémio que reconhece filmes que incorporam os valores da UNESCO de paz e tolerância. A sua inclusão em festivais de renome como o Festival de Cinema Pan Africano em Los Angeles, onde ganhou um prémio, solidifica ainda mais o seu impacto.
O filme é visto como um marco para o cinema ganês, demonstrando o potencial da indústria para contar histórias ancoradas no folclore local, ao mesmo tempo que aborda questões contemporâneas de forma cativante. A sua projeção em festivais internacionais como o de Veneza e o de Nova Iorque não só eleva o perfil do cinema ganês, mas também celebra a riqueza da cultura e das tradições do país. A obra de Martinson, filmada inteiramente em Gana, destaca a resiliência, a comunidade e o espírito duradouro das comunidades piscatórias, solidificando o seu lugar como um embaixador cultural. "O Pescador" representa uma conquista significativa para o cinema ganês, prometendo uma carreira internacional brilhante e celebrando a arte de contar histórias com raízes profundas na identidade cultural de Gana.