A Real Academia Sueca de Ciências anunciou em 7 de outubro de 2023 que John Clarke, Michel H. Devoret e John M. Martinis foram agraciados com o Prêmio Nobel de Física. A honraria reconhece "sua descoberta do tunelamento quântico macroscópico e da quantização de energia em um circuito elétrico". Esta conquista fundamental demonstrou que fenômenos quânticos, antes restritos à escala subatômica, podem manifestar-se em sistemas macroscópicos, abrindo novas fronteiras na física.
As pesquisas pioneiras dos laureados, realizadas na década de 1980, provaram que efeitos quânticos como o tunelamento e os níveis discretos de energia podem ocorrer em sistemas elétricos maiores. Suas experiências com circuitos elétricos supercondutores demonstraram que esses sistemas, grandes o suficiente para serem segurados na mão, podiam exibir comportamentos quânticos, como o tunelamento através de barreiras de energia e a absorção e emissão de energia em quantidades discretas, conforme previsto pela mecânica quântica. Essa demonstração redefiniu a linha divisória entre a física clássica e a quântica.
John Clarke, nascido no Reino Unido em 1942, é professor emérito de física na Universidade da Califórnia, Berkeley. Michel H. Devoret, originário da França, é professor de física aplicada na Universidade de Yale e também esteve associado à Universidade da Califórnia, Santa Barbara. John M. Martinis, nascido em 1958, obteve seu doutorado na Universidade da Califórnia, Berkeley, sob a supervisão de John Clarke. Ele é cientista-chefe na Google Quantum AI. O trabalho colaborativo dos três foi essencial para a demonstração do tunelamento quântico em circuitos elétricos macroscópicos e para o desenvolvimento de aparatos experimentais que permitiram aos circuitos supercondutores exibir propriedades quânticas em larga escala.
O impacto dessas descobertas transcende a física teórica, servindo de base para o desenvolvimento de tecnologias de ponta. A pesquisa dos laureados lançou as bases para a criação de qubits supercondutores, componentes essenciais para computadores quânticos, além de impulsionar avanços em criptografia quântica e sensores ultrassensíveis. A capacidade de manipular e observar fenômenos quânticos em sistemas macroscópicos abriu um vasto campo de inovação, com potencial para revolucionar a computação e a comunicação.
O prêmio, no valor de 11 milhões de coroas suecas (mais de 1 milhão de euros), será dividido igualmente entre os três cientistas. Este reconhecimento sublinha a importância da pesquisa fundamental em física e seu papel indispensável no avanço da tecnologia moderna, demonstrando como a compreensão de fenômenos aparentemente abstratos pode levar a aplicações práticas que moldam nosso futuro.