Física de Precisão Ganha Nova Fronteira com Captura de Molécula Estável em Armadilha Ultracold
Editado por: Vera Mo
Pesquisadores do Departamento de Física Molecular do Instituto Fritz Haber (FHI) alcançaram um marco significativo ao orquestrar a primeira armadilha magneto-óptica (MOT) para o monofluoreto de alumínio (AlF), uma molécula estável de camada fechada. Este feito representa uma evolução notável na manipulação da matéria no regime ultracold, abrindo um novo caminho para a física molecular. O avanço foi aceito para publicação no periódico Physical Review Letters e já está disponível no servidor de pré-impressão arXiv.
Durante quase quatro décadas, a comunidade científica tem se concentrado em preparar átomos neutros ultracold em armadilhas magneto-ópticas, o que possibilitou o desenvolvimento de tecnologias como relógios atômicos de alta precisão e protótipos de computação quântica. No entanto, a complexidade energética das moléculas sempre representou um obstáculo considerável. Até este momento, apenas moléculas reativas com elétrons desemparelhados, conhecidas como espécies de spin-dobuleto, haviam sido aprisionadas dessa maneira. A equipe do FHI, contudo, demonstrou o aprisionamento pioneiro de uma molécula de spin-singuleto, o AlF, cuja estabilidade advém de uma ligação química robusta que a torna quimicamente inerte.
Este empreendimento exigiu quase oito anos de dedicação, incluindo o desenvolvimento de tecnologia de ultravioleta profundo (deep-UV) e estudos espectroscópicos aprofundados. O AlF requer uma alta energia de aporte para sua quebra, o que historicamente forçou os cientistas a utilizar comprimentos de onda de laser no ultravioleta mais profundo para o resfriamento. Especificamente, o resfriamento do AlF demandou quatro sistemas de laser operando próximos a 227,5 nm, o menor comprimento de onda já empregado para aprisionar qualquer átomo ou molécula até a data. Essa proeza foi concretizada graças a inovações em tecnologia de laser e óptica, impulsionadas por uma colaboração estreita entre a academia e o setor industrial.
Uma capacidade singular demonstrada no experimento é o resfriamento e aprisionamento do AlF em múltiplos níveis quânticos rotacionais, com a equipe conseguindo alternar entre três desses níveis apenas ajustando as frequências dos lasers. Sid Wright, líder da equipe no FHI, manifestou a ambição de futuramente capturar o AlF a partir de uma fonte de vapor compacta e acessível, mencionando que testes iniciais indicam que o AlF resiste a colisões com as paredes do vácuo à temperatura ambiente. O sucesso, segundo o estudante de pós-graduação principal, Eduardo Padilla, é resultado de um esforço coletivo e da infraestrutura do Departamento de Física Molecular.
O resfriamento de matéria próximo ao zero absoluto tem sido um catalisador para a física, permitindo o foco no comportamento quântico, o que já culminou em descobertas como a supercondutividade. A implementação de ciclos de resfriamento via interação matéria-luz, após a invenção do laser, possibilitou atingir temperaturas na faixa de $10^{-3}$ a $10^{-6}$ K acima do zero absoluto, o regime ultracold. A capacidade de resfriar e aprisionar moléculas estáveis como o AlF promete impulsionar novas medições de precisão e o controle quântico molecular. Um aspecto particularmente promissor é a existência de um estado eletrônico metaestável de longa duração, que pode ser fundamental para alcançar temperaturas ainda mais baixas, expandindo o horizonte da espectroscopia de precisão e das simulações quânticas.
Fontes
Phys.org
Phys.org
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