A Recuperação Total do Navio Mado 4: Arqueólogos Desvendam a Logística Marítima da Dinastia Joseon

O Instituto Nacional de Pesquisa do Patrimônio Marítimo anunciou, em 10 de novembro de 2025, a conclusão bem-sucedida de uma operação sem precedentes: a extração completa do navio cargueiro da era Joseon, batizado de “Mado 4”. Esta embarcação de 600 anos foi resgatada do fundo do mar na região de Taean, localizada na província de Chungcheong do Sul, na costa oeste da Coreia. Este marco representa a primeira exumação integral de um navio deste período na história, configurando-se como um triunfo notável para a arqueologia subaquática.

O trabalho preparatório para o resgate começou em 2015, logo após a descoberta da embarcação, e exigiu quase dez anos de esforços meticulosos de conservação e análise realizados diretamente no local do naufrágio. Atualmente, o “Mado 4” está passando por uma longa fase de dessalinização e preservação em Taean. Os trabalhos preliminares no sítio permitiram a recuperação de mais de 120 artefatos de valor inestimável. Entre os achados, destacam-se porcelanas destinadas ao pagamento de tributos governamentais, caixas contendo arroz e etiquetas de madeira que especificavam os pontos de destino, fornecendo evidências concretas do sofisticado sistema administrativo estatal de Joseon.

Pesquisadores, incluindo representantes da Administração do Patrimônio Cultural da Coreia do Sul, confirmaram que o “Mado 4” operava dentro da rede de transporte estatal conhecida como “joun”. Este sistema era vital para o transporte de grãos e cargas oficiais dos depósitos provinciais até Hanyang, a capital da época (hoje Seul). Estima-se que o navio tenha afundado por volta de 1420, enquanto navegava a partir de Naju, um importante centro de coleta de grãos na província de Jeolla do Sul. A rota era notoriamente perigosa devido às fortes marés e passagens rochosas, fatores que provavelmente contribuíram para a preservação do casco sob camadas de lodo e areia.

A estrutura do “Mado 4” é um testemunho das proezas de engenharia da época. Diferentemente dos navios coreanos anteriores que utilizavam apenas um mastro, o “Mado 4” apresentava um esquema de dois mastros, o que, segundo os especialistas, indica uma busca por maior velocidade e melhor capacidade de manobra. Além disso, a descoberta de vestígios de reparos que empregaram pregos de ferro é a primeira confirmação documentada do uso de elementos de fixação metálicos em embarcações tradicionais coreanas. Esta inovação técnica lança luz sobre as capacidades logísticas da Dinastia Joseon e abre novas perspectivas para a compreensão da infraestrutura naval daquele período.

Na mesma área marítima, foram identificados indícios de outro naufrágio, potencialmente mais antigo, datado entre 1150 e 1175. Se esta datação for validada, o achado pode pertencer à era Goryeo e se tornaria o naufrágio mais antigo conhecido na história coreana, superando o “Mado 4” em mais de dois séculos. Uma seleção dos artefatos recuperados está atualmente acessível ao público na exposição especial intitulada “O Navio da Nação que Navegou o Mar”, sediada no Museu Marítimo de Taean, e permanecerá em exibição até fevereiro de 2026.