Novo Paradigma: Como Estrelas Extremamente Massivas Moldaram os Aglomerados Globulares Mais Antigos do Universo

Editado por: Uliana S.

Estas estrelas maciças, 10 000 vezes mais pesadas que o Sol, governaram o Universo primordial.

Uma equipe internacional de pesquisadores apresentou recentemente uma abordagem teórica inovadora que busca desvendar o mistério da formação das estruturas estelares mais antigas do cosmos: os aglomerados globulares. O modelo proposto estabelece uma conexão direta entre a evolução desses aglomerados e a existência de Estrelas Extremamente Massivas (EEM). Este trabalho, que lança uma nova luz sobre a história cósmica primordial, foi publicado na prestigiada revista "Monthly Notices of the Royal Astronomical Society".

A premissa central desta teoria sugere que, nas condições gasosas turbulentas do Universo primitivo, poderiam ter se formado estrelas com massas que superavam mil massas solares, chegando a impressionantes 10.000 massas solares. Apesar de sua existência efêmera — vivendo por um período extremamente curto de apenas um ou dois milhões de anos — esses gigantes celestes eram capazes de queimar hidrogênio e emitir ventos estelares de potência colossal. Tais ventos transportavam os produtos da combustão em alta temperatura, que se misturavam subsequentemente com o gás circundante. Esse processo criava as condições ideais para o nascimento de novas gerações de estrelas, caracterizadas por uma composição química singular e "contaminada".

Entre os principais arquitetos desta pesquisa estão o Professor Marc Gieles, afiliado ao Instituto de Ciências Cosmológicas da Universidade de Barcelona (ICCUB) e ao Instituto de Estudos Espaciais da Catalunha (IEEC), e o coautor Paolo Padoan, do Dartmouth College. O Professor Padoan enfatizou que a concepção proposta demonstra uma excelente concordância com os dados obtidos pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST). Segundo ele, isso reforça o papel decisivo que as EEM desempenharam na estruturação e formação das primeiras galáxias.

Os aglomerados globulares, que são densas concentrações de centenas de milhares ou até milhões de estrelas, funcionam como os "arquivos" mais antigos do cosmos, com idades que ultrapassam 10 bilhões de anos. Por muito tempo, sua composição química anômala representou um enigma para os astrofísicos. Eles exibem níveis elevados de elementos como nitrogênio, hélio, oxigênio, sódio, magnésio e alumínio. O novo modelo oferece uma explicação elegante para essa assinatura química: esses "rastros" foram deixados pelos produtos da atividade das EEM antes que suas explosões como supernovas pudessem alterar drasticamente a composição do gás primordial.

Os investigadores levantam ainda a hipótese de que o colapso dessas estrelas colossais provavelmente resultou na formação de buracos negros de massa intermediária. Estes objetos cósmicos poderão ser detectados futuramente através da observação de ondas gravitacionais. Dessa forma, o estudo constrói um panorama coeso que interliga a física da formação estelar, a evolução dos aglomerados e o enriquecimento químico inicial do Universo. As observações contemporâneas do JWST revelaram um aumento no teor de nitrogênio nas galáxias primitivas, o que, de acordo com o modelo, é uma consequência direta do domínio de aglomerados formados sob a influência crucial das Estrelas Extremamente Massivas.

Fontes

  • impresiupdate.id

  • Institut de Ciències del Cosmos (ICCUB)

  • ScienceDaily

  • Institute of Space Studies of Catalonia (IEEC)

Encontrou um erro ou imprecisão?

Vamos considerar seus comentários assim que possível.