LAP1-B: O Eco Observável das Primeiras Estrelas na Alvorada Cósmica

Editado por: Uliana S.

Acredita-se que as estrelas da população III surgiram aproximadamente 100–400 milhões de anos após o Big Bang.

Utilizando a potência inigualável do Telescópio Espacial James Webb (JWST), uma equipe de pesquisadores identificou o sistema denominado LAP1-B. Este achado representa, com alta probabilidade, o indício mais remoto já observado das Estrelas de População III, os ancestrais hipotéticos de toda a luz estelar subsequente. Localizado a aproximadamente 13 bilhões de anos-luz da Terra, o LAP1-B oferece aos cientistas uma janela única para a época que se seguiu apenas 800 milhões de anos após o evento do Big Bang. Observar o LAP1-B é tocar o início da evolução cósmica, um período em que a matéria primordial começava a estruturar-se e a formar as primeiras estruturas.

O sistema LAP1-B exibe características cruciais que foram previamente previstas pelos modelos teóricos para as Estrelas de População III. O objeto reside dentro de um halo de matéria escura, cuja massa foi calculada em cerca de 50 milhões de massas solares. Este valor é significativo, pois corresponde ao limiar necessário para o processo de “resfriamento atômico”, o mecanismo que se acredita ter desencadeado a formação das primeiras estrelas. As estrelas individuais neste sistema são estimadas como gigantes, variando entre 10 e 1000 massas solares, e estão reunidas em pequenos aglomerados, cuja massa total não ultrapassa alguns milhares de massas solares. Tal configuração reforça a teoria de que as primeiras gerações estelares eram extraordinariamente massivas e, consequentemente, consumiam seu combustível de maneira extremamente rápida.

A análise espectral minuciosa, realizada com o auxílio do JWST, revelou a quase completa ausência de elementos pesados, ou “metais”, uma assinatura definitiva das Estrelas de População III. Estas estrelas nasceram da composição primordial do Universo — primariamente hidrogênio e hélio, com apenas vestígios de lítio — visto que elementos mais pesados ainda não haviam sido sintetizados pelo processo de nucleossíntese em gerações estelares anteriores. Curiosamente, o gás circundante ao LAP1-B já apresenta sinais de enriquecimento. Este fato sugere que algumas dessas primeiras estrelas massivas já completaram seus ciclos de vida explosivamente como supernovas, dando início ao crucial processo de “metalização” do Universo primitivo e semeando os blocos de construção para as gerações futuras.

Embora o LAP1-B seja atualmente o candidato mais convincente, cientistas, incluindo especialistas da Universidade de Columbia e da Universidade de Toledo, enfatizam a necessidade de investigações adicionais e mais detalhadas para uma confirmação final. A detecção do LAP1-B, localizada no desvio para o vermelho (redshift) z=6.6, está em perfeita consonância com as previsões teóricas: esperava-se encontrar aproximadamente um objeto com tais características dentro das atuais capacidades de observação. Esta descoberta não é apenas um achado isolado, mas sim um marco que pavimenta o caminho para o estudo aprofundado do Universo inicial, onde cada novo sinal pode ser a chave para entender como a luz surgiu na escuridão cósmica. Modelos cosmológicos indicam que a influência destas primeiras estrelas foi determinante para a subsequente formação estelar e o surgimento das primeiras galáxias, estabelecendo assim a base para toda a evolução cósmica posterior que culminou no Universo que observamos hoje.

Fontes

  • MoneyControl

  • Astronomers may have found the first stars that formed after the Big Bang

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