Um incêndio de grandes proporções continuava ativo no coração do Parque Nacional Quebrada del Condorito, em Córdoba, Argentina, completando seu quinto dia de atividade ininterrupta. O foco de combustão, que teve início na sexta-feira, 10 de outubro de 2025, conforme relatos, originou-se a partir de um veículo que pegou fogo na rota Altas Cumbres. As chamas rapidamente se alastraram, consumindo uma área que já ultrapassa os 4.500 hectares de pastagens nativas e formações florestais, representando um dano significativo para este ecossistema singular.
As operações de controle têm sido marcadas por um esforço coordenado, embora inicialmente desafiador. Mais de 220 profissionais, incluindo brigadistas e pessoal de apoio, mobilizaram-se no terreno de difícil acesso do Parque. Eles contaram com o suporte aéreo de sete aeronaves arremessadoras de água e três helicópteros. Durante o fim de semana, rajadas de vento que superaram os 30 quilômetros por hora mitigaram a resposta inicial, forçando a suspensão das missões aéreas. No entanto, a melhora nas condições meteorológicas nos dias recentes permitiu a retomada do apoio aéreo e o avanço no resfriamento de pontos quentes críticos.
O Parque Nacional Quebrada del Condorito, estabelecido em 28 de novembro de 1996, abrange uma área total de 37.344 hectares e é reconhecido como um refúgio vital para o Condor Andino, a maior ave voadora do planeta, cuja envergadura pode atingir 3,3 metros. Este santuário natural, que abriga uma biodiversidade representativa das Sierras Pampeanas, permanece fechado ao público enquanto as autoridades avaliam a extensão do prejuízo ecológico. A destruição da vegetação nativa e das infraestruturas de conservação representa um revés considerável para os esforços de preservação.
A dimensão do evento é amplificada pela importância intrínseca do local. A Quebrada del Condorito não é apenas uma paisagem montanhosa; é um ponto focal para a conservação de espécies ameaçadas, como o cóndor, ave símbolo de força nas culturas andinas. A perda de habitat neste cânion, com paredes que chegam a 800 metros de profundidade, afeta diretamente os locais de nidificação e as correntes térmicas essenciais para o voo destas aves majestosas. A recuperação deste espaço, que também é uma reserva hídrica chave para Córdoba, será um processo que exigirá tempo e dedicação contínua, mas cada esforço de contenção reafirma a vitalidade da natureza e a capacidade de mobilização da comunidade e das equipes técnicas.