A Etiópia enfrenta um período de intensa atividade geológica, marcado por um persistente enxame sísmico que tem mobilizado o governo e especialistas. O fenômeno, que reflete a dinâmica das placas tectônicas na região, levou a uma resposta de emergência focada na proteção da população civil.
Monitoramentos geológicos confirmaram uma sequência de tremores entre o final de 2024 e o início de 2025, com magnitudes que chegaram a 5,8 na escala Richter, concentrados em profundidades rasas. Esta agitação sísmica está intrinsecamente ligada a manifestações vulcânicas, notadamente no Monte Dofon, um dos centros vulcânicos mais ativos do país, com 1151 metros de altitude na região de Afar. O aumento na emissão de fumaça e cinzas observado no vulcão Dofon, que se iniciou em 3 de janeiro de 2025, intensificou os temores de uma erupção de maior escala, com especulações sobre o vulcão Fentale ao norte.
Geólogos, como o Dr. Abass Sharaki, estabelecem uma ligação direta entre a instabilidade magmática e os tremores. A Etiópia registrou um volume significativo de atividade, com mais de 120 terremotos de magnitude superior a 4 nas últimas duas semanas, um padrão que especialistas indicam ser uma continuação de um enxame sísmico iniciado no ano anterior. A região de Afar é geologicamente singular, pois constitui um ponto triplo de encontro entre as placas tectônicas Somali, Núbia e Arábia, onde a crosta terrestre se separa a um ritmo de 1 a 2 centímetros por ano.
Em resposta à crise, o governo etíope iniciou a evacuação de aproximadamente 80.000 pessoas nas regiões de Afar, Oromia e Amhara, transferindo moradores de áreas de alto risco para abrigos temporários. Os tremores causaram danos a infraestruturas, incluindo casas e estradas. Uma preocupação crítica recai sobre a Represa Kesem/Sabure, onde fissuras em expansão no solo levantam o risco de falhas estruturais que poderiam resultar em inundações catastróficas, dado que a barragem foi projetada para suportar abalos de até magnitude 5,6.
A atividade sísmica na área é um reflexo da imensa tensão na crosta terrestre, que em alguns pontos tem apenas cerca de 25 km de espessura. O histórico da região inclui eventos como a crise sísmica de 2005, que resultou na abertura de uma fissura de 60 quilômetros. A vigilância atenta e a resposta coordenada das autoridades buscam mitigar os riscos inerentes a este processo de efervescência telúrica.