A Costa Amalfitana, já classificada como Património Mundial pela UNESCO, recebeu em 2025 um novo e prestigiante reconhecimento: a sua inclusão no programa de Sistemas de Património Agrícola de Importância Mundial (GIAHS) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Esta distinção celebra as tradições agrícolas milenares da região, com destaque para o cultivo de limões sob pérgolas de castanheiro. Este sistema, com séculos de adaptação a um terreno desafiador, exemplifica a ligação entre comunidade, paisagem e sustentabilidade. As práticas ancestrais, como o cultivo em socalcos verticais protegidos por pérgolas de castanho, são um testemunho de engenhosidade. Os limões "Sfusato Amalfitano", conhecidos pelo seu aroma e elevada concentração de óleos essenciais, são colhidos manualmente por agricultores locais, apelidados de "agricultores voadores". A colheita principal ocorre entre abril e junho, sendo a base do famoso licor Limoncello.
Este método de cultivo de baixo impacto, isento de pesticidas, previne a erosão do solo e mantém a biodiversidade, alcançando rendimentos notáveis de até 35 toneladas por hectare. A construção dos socalcos, com muros de pedra seca, remonta ao século XI, demonstrando uma adaptação harmoniosa ao ambiente montanhoso e costeiro.
A riqueza botânica da Costa Amalfitana é igualmente notável, com mais de 970 espécies de plantas registadas, incluindo a rara "Primula palinuri", uma prímula amarela que floresce nas falésias calcárias, e a "Campanula fragilis", uma delicada flor-de-sino. Estas paisagens em socalcos criam habitats essenciais para espécies frágeis e contribuem para a estabilidade do ecossistema.
As mulheres desempenham um papel fundamental neste sistema, contribuindo significativamente para o trabalho agrícola e a manutenção das tradições transmitidas através de gerações. Em 2025, os treze municípios da Costa Amalfitana lançaram o projeto "Costa Amalfitana Património Mundial da UNESCO", visando impulsionar o turismo e a revitalização cultural através de uma visão integrada e sustentável, apresentando a coexistência harmoniosa entre a atividade humana e a natureza.
A Costa Amalfitana serve, assim, como um modelo inspirador de agricultura de montanha mediterrânica sustentável, demonstrando como práticas ancestrais, aliadas a uma gestão consciente dos recursos, podem preservar um património inestimável e moldar um futuro mais resiliente e equilibrado.