Necrópole Muçulmana Medieval Descoberta no Lago Issyk-Kul, Quirguistão

Uma expedição arqueológica subaquática internacional, realizada em 2025, concentrou os trabalhos na margem noroeste do Lago Issyk-Kul, no Quirguistão. A iniciativa foi uma colaboração entre a Sociedade Geográfica Russa (RGO), o Instituto de Arqueologia da Academia Russa de Ciências (RAS) e o Instituto de História, Arqueologia e Etnologia da Academia Nacional de Ciências da República do Quirguistão. O foco da missão foi a investigação do complexo submerso de Toru-Aigyr, um ponto reconhecido como vital na Rota da Seda durante o período medieval.

Durante as escavações subaquáticas, os arqueólogos revelaram vestígios de uma necrópole muçulmana medieval, datada especificamente dos séculos XIII a XIV. Entre os achados significativos encontram-se grandes vasos de cerâmica e fragmentos de estruturas construídas com tijolos cozidos, o que indica um nível de sofisticação construtiva na comunidade antiga. Estes artefatos fornecem evidências da presença de uma comunidade islâmica estabelecida na região durante aquele período histórico.

A análise preliminar sugere que a necrópole estava associada a um assentamento mais amplo que prosperou ao longo da Rota da Seda. Os vestígios materiais reforçam a hipótese de que o assentamento de Toru-Aigyr sofreu uma destruição catastrófica, possivelmente desencadeada por um evento sísmico significativo no início do século XV. A submersão subsequente transformou o local em um sítio arqueológico subaquático de valor, preservando os restos da necrópole sob as águas do lago.

O Lago Issyk-Kul, situado a uma altitude considerável no Quirguistão, já era um repositório conhecido de monumentos arqueológicos. A descoberta da necrópole muçulmana dos séculos XIII-XIV oferece novas perspectivas para a historiografia da Rota da Seda e para o estudo das civilizações medievais da Ásia Central. A presença desta necrópole confirma a diversidade religiosa e a extensão da influência islâmica ao longo das rotas comerciais que atravessavam o Quirguistão.

A pesquisa realizada pela expedição de 2025 não apenas mapeou a necrópole, mas também contribuiu para a compreensão das dinâmicas ambientais que levaram ao seu sepultamento. O estudo dos tijolos cozidos e da cerâmica pode fornecer dados cronológicos mais precisos sobre o apogeu e o declínio do assentamento de Toru-Aigyr, um elo na cadeia de assentamentos mercantis medievais. A continuidade das pesquisas subaquáticas no Issyk-Kul é fundamental para desvendar mais segredos desta encruzilhada histórica.