Gelo Antártico de 1,2 Milhão de Anos Revela o Passado Climático da Terra

Editado por: gaya ❤️ one

Uma iniciativa científica internacional alcançou um marco significativo na Antártida ao recuperar amostras de gelo com uma idade estimada em 1,2 milhão de anos. Este achado constitui o registro mais antigo de gelo já obtido pela humanidade, superando o limite anterior de 800.000 anos estabelecido pelo projeto EPICA original. A descoberta, detalhada na publicação Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), fornece uma visão inédita da trajetória climática do planeta.

A perfuração ocorreu na remota região de Little Dome C (LDC), no Leste da Antártida, como parte do projeto "Beyond EPICA - Oldest Ice". Pesquisadores de dez nações, incluindo Bélgica, França, Alemanha, Itália e Reino Unido, participaram do esforço. A equipe perfurou a camada de gelo até o leito rochoso, a uma profundidade aproximada de 2,8 quilômetros, trabalhando sob temperaturas extremas de cerca de -35°C durante sucessivos verões antárticos. O valor desses cilindros reside nas bolhas de ar aprisionadas, que atuam como cápsulas do tempo atmosférico, preservando a composição da atmosfera de eras passadas.

A análise detalhada da química dessas bolhas permitirá a reconstrução precisa das concentrações de gases e das temperaturas de um milhão de anos atrás. O esforço, coordenado pelo Instituto de Ciências Polares do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália (Cnr-Isp), foca na Transição do Pleistoceno Médio (MPT), o período entre 1,2 milhão e 900.000 anos atrás. Esta fase é crucial por marcar uma mudança na periodicidade das eras glaciais, que passaram de ciclos de 41.000 anos para ciclos mais longos, de cerca de 100.000 anos, com camadas de gelo mais espessas.

A compreensão desta transição é vital, pois o período anterior, com ciclos mais curtos, impactou significativamente as condições climáticas e a demografia dos ancestrais humanos. Os dados obtidos iluminarão a evolução dos gases de efeito estufa, poeira e a resposta do clima terrestre a variações na atividade solar e ciclos orbitais. O material extraído será analisado na Europa ao longo de vários anos, conforme indicou Carlo Barbante, coordenador do projeto. Este conhecimento é fundamental para calibrar a percepção sobre a dinâmica planetária e orientar ações futuras relativas aos recursos hídricos globais.

Paralelamente, existe a ambição de expandir ainda mais a pesquisa cronológica, com planos de cientistas russos para buscar um núcleo de gelo de 2 milhões de anos, com perfurações previstas para janeiro de 2025.

Fontes

  • Рамблер

  • Proceedings of the National Academy of Sciences

  • ScienceDaily

  • Nature

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