Uma expedição científica uruguaia, denominada "Uruguai Sub200: Jornada ao Desconhecido", navegou pelas águas profundas da costa do país em agosto e setembro de 2025. A bordo do navio de pesquisa Falkor (too), do Schmidt Ocean Institute, a missão utilizou o veículo operado remotamente (ROV) SuBastian para explorar a biodiversidade e as estruturas geológicas do talude continental uruguaio.
A equipe documentou extensos recifes de coral de água fria, formados pela espécie Desmophyllum pertusum, que abrigam uma rica variedade de vida marinha. Uma descoberta significativa foi um complexo de recifes com aproximadamente 1,3 quilômetros quadrados a 300 metros de profundidade, com o ponto mais alto atingindo 40 metros. Estes recifes vibrantes servem de lar para peixes-sapo, caracóis-de-fenda, garoupas e tubarões, beneficiando-se da convergência de correntes de água quente e fria na costa uruguaia e do aporte de nutrientes do Rio da Prata.
O Dr. Alvar Carranza, cientista-chefe da expedição, da Universidad de la República e do Centro Universitario Regional del Este, expressou seu entusiasmo com a diversidade e complexidade encontradas, que superaram as expectativas. A expedição também identificou pelo menos 30 espécies marinhas candidatas a novas descobertas científicas, incluindo esponjas, caracóis e crustáceos não catalogados, além de espécies como lulas-cristal, polvos-dumbo e peixes-tripé, anteriormente desconhecidas na região.
Paralelamente, a equipe localizou os destroços do ROU Uruguay, um antigo contratorpedeiro da Marinha Uruguaia afundado em 1995 a mais de 1.100 metros de profundidade. Os pesquisadores estudaram o naufrágio para compreender como ele se tornou um habitat artificial, contribuindo para a biodiversidade marinha. Os dados coletados são considerados inestimáveis para a gestão e conservação dos recursos marinhos do Uruguai, ressaltando a importância de proteger os ecossistemas de águas profundas contra ameaças como a pesca excessiva e as mudanças climáticas.
A Dra. Leticia Burone, também da Universidad de la República, destacou o impacto transformador das descobertas, que "revelam as profundezas ocultas dos oceanos e transformam a maneira como percebemos o nosso mundo". A expedição, que utilizou o navio Falkor (too) equipado com o ROV SuBastian capaz de explorar profundidades de até 4.500 metros, representa um avanço significativo na compreensão dos ecossistemas de águas profundas do Uruguai e reforça a necessidade de pesquisa contínua e conservação.