Confirmação de Hidroxila no Cometa Interestelar 3I/ATLAS Reforça Origem Cósmica

A análise recente do cometa interestelar 3I/ATLAS, formalmente designado C/2025 N1 (ATLAS), forneceu evidências cruciais que confirmam a natureza cósmica deste visitante. As observações, realizadas pelo radiotelescópio sul-africano MeerKAT, detectaram as linhas de absorção de hidroxila (OH) nas frequências de 1665 MHz e 1667 MHz em 24 de outubro de 2025, um sinal inequívoco de atividade cometária. Este objeto singular foi inicialmente avistado em 1º de julho de 2025 pelo sistema de rastreamento ATLAS no Chile.

A trajetória do 3I/ATLAS, marcada por uma alta velocidade em excesso hiperbólico de 58 km/s em relação ao Sol, o classifica firmemente como o terceiro objeto interestelar confirmado a visitar nosso Sistema Solar, seguindo 1I/’Oumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019). A presença de radicais hidroxila é um resultado direto da sublimação do gelo do cometa ao se aproximar da estrela central. A radiação solar decompõe as moléculas liberadas, gerando a assinatura de rádio da hidroxila, um marcador bem estabelecido da atividade cometária. Tentativas anteriores de captar essas linhas em 20 de setembro e 28 de setembro de 2025 não tiveram sucesso, provavelmente devido à maior distância do cometa ao Sol naquelas datas.

O astrofísico Avi Loeb, que havia levantado a possibilidade de o 3I/ATLAS ser um artefato tecnológico, reconheceu a importância desta detecção de hidroxila, enfatizando a necessidade de monitoramento contínuo para verificar a constância da produção de OH. Este achado radioastronômico, obtido pelo conjunto de 64 antenas do MeerKAT, representa a primeira vez que um espectro de rádio de um objeto interestelar foi capturado com sucesso. Curiosamente, enquanto análises espectroscópicas iniciais indicavam que o 3I/ATLAS continha apenas cerca de 4% de água, em forte contraste com os 50% a 80% típicos de cometas, a detecção de hidroxila sugere a existência de um reservatório subsuperficial de gelo sob uma crosta rochosa.

Os dados de Doppler revelaram velocidades de absorção de -15,59 e -15,65 quilômetros por segundo. A proximidade do objeto ao plano orbital da Terra durante sua conjunção solar em 21 de outubro de 2025 auxiliou no cálculo da velocidade total do cometa em relação ao nosso planeta. A temperatura de superfície estimada do 3I/ATLAS, mais baixa que a da Terra por sua maior distância ao Sol, resultou em uma velocidade térmica das moléculas de OH que se alinha com o alargamento das linhas observadas, em torno de 0,8 km/s em meia altura. O ponto de maior aproximação do cometa à Terra está previsto para 19 de dezembro de 2025, a uma distância de aproximadamente 1,8 unidades astronômicas, cerca de 270 milhões de quilômetros, oferecendo uma nova oportunidade de observação deste corpo formado em outro sistema estelar.