O satélite NASA-ISRO Synthetic Aperture Radar (NISAR), lançado em 30 de julho de 2025, está a transformar o estudo dos sistemas dinâmicos da Terra, com um foco particular na Antártida. Esta missão colaborativa internacional entre a NASA e a ISRO (Organização Indiana de Pesquisa Espacial) utiliza sistemas de radar avançados de frequência dupla, capazes de detetar mudanças na superfície com precisão de até um centímetro.
O NISAR opera numa órbita síncrona ao sol, configurada para maximizar a cobertura das regiões polares, permitindo um monitoramento detalhado e contínuo do movimento e derretimento das calotas de gelo. Essa capacidade é crucial para a compreensão do aumento do nível do mar global. A Antártida, que detém cerca de 90% da água doce do planeta, está a perder gelo a um ritmo acelerado. Estimativas indicam que a perda líquida de gelo na Calota de Gelo Antártica está entre 100 a 200 bilhões de toneladas por ano, uma taxa que tem aumentado nas últimas duas décadas. Se toda a Calota de Gelo Antártica derretesse, o nível global do mar poderia subir aproximadamente 60 metros.
A missão NISAR, com o seu radar de banda L e S, fornecerá dados sem precedentes sobre estes processos críticos. O radar de banda L, com um comprimento de onda de 24 cm, pode penetrar mais profundamente em florestas, solo e calotas de gelo, sendo ideal para estudar o movimento glacial. O radar de banda S, com um comprimento de onda de 10 cm, é mais sensível a detalhes da superfície, como a altura da copa das árvores e a humidade da neve, indicando o derretimento.
A órbita síncrona ao sol do NISAR garante que ele passe sobre a mesma área em aproximadamente o mesmo tempo solar local, proporcionando condições de iluminação consistentes. Essa característica é vital para a comparação de imagens ao longo do tempo, permitindo aos cientistas rastrear mudanças subtis e tendências de longo prazo nas calotas de gelo. A capacidade de penetração de nuvens e escuridão dos radares do NISAR permite observações contínuas, mesmo durante as noites polares de meses de duração, um avanço significativo em relação a missões anteriores.
O projeto NISAR, com um custo total estimado de US$ 1,5 bilhão, é a missão de observação da Terra mais cara já lançada, refletindo a profundidade da colaboração EUA-Índia. Os dados recolhidos serão disponibilizados gratuitamente para cientistas, agências e governos em todo o mundo, geralmente dentro de um a dois dias após a observação, e em tempo quase real em caso de emergências. Essa acessibilidade democratiza a pesquisa ambiental e apoia a tomada de decisões informadas para mitigar os impactos das mudanças climáticas e gerir desastres naturais. A missão, que tem uma vida útil planeada de cinco anos, promete fornecer uma visão abrangente e detalhada da dinâmica da Antártida, contribuindo significativamente para a nossa compreensão do aumento do nível do mar e das mudanças climáticas globais.