O Banco da Rússia anunciou a prorrogação das restrições sobre saques em moeda estrangeira por um período adicional de seis meses, com validade até 9 de março de 2026. Esta decisão, que segue uma extensão anterior em 7 de março de 2025, é uma resposta direta às sanções internacionais que impedem as instituições financeiras russas de adquirir divisas de nações ocidentais.
Para os cidadãos russos cujas contas em moeda estrangeira foram estabelecidas antes de 9 de março de 2022, o limite para saques em espécie permanece inalterado em US$ 10.000 ou seu equivalente em euros. Qualquer montante que exceda este valor será emitido em rublos russos, independentemente da moeda original da conta, desde que não tenham sido realizados saques anteriores. Os bancos estão proibidos de cobrar comissões sobre a emissão de moeda nessas circunstâncias. Da mesma forma, transferências em moeda estrangeira realizadas sem a abertura de conta e através de carteiras eletrônicas também serão convertidas e pagas em rublos.
No cenário econômico de 2025, a Rússia apresenta um quadro complexo. Dados preliminares do Rosstat indicam um crescimento de 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre em comparação com o ano anterior, um índice que ficou abaixo das projeções do Ministério do Desenvolvimento Econômico e do Banco Central. Apesar disso, o desempenho econômico russo superou o de algumas economias europeias, como a Zona do Euro e o Reino Unido. No entanto, análises de mercado apontam para uma desaceleração, com previsões de crescimento de apenas 1,1% para o ano, influenciadas por fatores como escassez de mão de obra e desafios no setor bancário.
A inflação continua a ser um ponto de atenção, com taxas que ultrapassaram os 10% em determinados períodos, levando o Banco Central a manter políticas monetárias restritivas com taxas de juros elevadas para controlar a alta de preços. Um aspecto notável da economia russa em 2025 é a surpreendente valorização do rublo. Segundo o Bank of America, a moeda russa emergiu como a de melhor desempenho global, registrando uma apreciação superior a 40% em relação ao dólar. Essa ascensão é atribuída a uma combinação de controles de capital rigorosos, políticas monetárias apertadas e à desvalorização do dólar. Contudo, o fortalecimento do rublo pode ter implicações nas receitas de exportação, especialmente em um contexto de elevados gastos militares.
As sanções internacionais, em vigor desde 2014 e intensificadas após a invasão da Ucrânia em 2022, continuam a moldar o ambiente econômico. A Rússia figura entre os países mais sancionados globalmente, com medidas que afetam criticamente os setores financeiro, energético e de defesa. Apesar da resiliência econômica demonstrada, superando o crescimento de nações do G7 em 2024, desafios como a escassez de trabalhadores qualificados e a queda nas receitas de petróleo e gás persistem. A suspensão de transações com dólar e euro na Bolsa de Moscou, em retaliação às sanções americanas, e o aumento da participação do yuan nas negociações cambiais russas, sinalizam uma reconfiguração nas relações financeiras internacionais.
A extensão das restrições de saque em moeda estrangeira reflete a estratégia contínua do Banco da Rússia para gerenciar fluxos de capital e salvaguardar a estabilidade financeira em um cenário geopolítico e econômico desafiador. A capacidade de adaptação da economia russa, aliada a medidas de controle cambial, busca um equilíbrio entre a manutenção da liquidez e a proteção contra pressões externas, influenciando a trajetória econômica do país nos próximos meses.