A recente vitória de Carlos Alcaraz em Roland Garros em 2025 destacou a importância fundamental da força mental no mundo do desporto. Alcaraz atribuiu o seu triunfo, alcançado após uma reviravolta, a uma rotina diária de treino psicológico, com ênfase particular na imagética motora.
Esta abordagem mental, que envolve a visualização vívida de movimentos, ativa áreas cerebrais semelhantes às da execução física, um fenómeno conhecido como equivalência funcional. A teoria da equivalência funcional sugere que a prática mental pode manter os circuitos neurais associados a um movimento ativos, mesmo sem a execução física, o que é crucial para a aprendizagem motora e o aprimoramento de habilidades sem sobrecarga física.
A imagética motora, também conhecida como visualização ou ensaio mental, é uma técnica poderosa utilizada na psicologia do desporto para aperfeiçoar habilidades, construir confiança e preparar atletas para a competição. Estudos indicam que esta prática pode ser tão eficaz quanto o treino físico na melhoria de habilidades motoras, especialmente quando combinada com este. A imagética motora pode reforçar a aprendizagem motora, automatizar ações e aperfeiçoar detalhes, sendo também um recurso valioso na reabilitação, mantendo os padrões motores ativos durante a recuperação de lesões.
Para além das competências físicas, a prática mental auxilia na gestão de emoções, antecipação de situações desafiadoras e modulação das respostas ao stress. A mente, ao reagir a cenários imaginados, pode desencadear alterações fisiológicas reais, evidenciando a profunda ligação mente-corpo. A pesquisa em neurociência, utilizando técnicas como a ressonância magnética funcional (fMRI), demonstra que as mesmas áreas cerebrais ativadas durante a execução física de um movimento também se tornam ativas durante a imagética motora.
Uma preparação mental eficaz requer visualização estruturada, definição clara de objetivos e integração com o treino físico. Esta abordagem combinada não só melhora a preparação e o desempenho, mas também acelera a recuperação. A consistência é chave, com atletas a serem encorajados a praticar estas técnicas regularmente, tal como treinam os seus corpos.
A força mental, tal como a força física, é construída através de treino consistente e intencional, permitindo aos atletas não só alcançar o seu pico de performance, mas também gerir os desafios inerentes à competição e recuperação de forma mais resiliente e eficaz. A capacidade de Alcaraz de recuperar de uma desvantagem de dois sets e salvar pontos de campeonato em Roland Garros 2025 é um testemunho do poder do treino mental, demonstrando resiliência notável e superando adversidades através de uma preparação mental focada e execução precisa.