Micaela Jerez Masaquiza e Elsa Caín Yuqilema, duas mulheres indígenas do Equador, estão ensinando a língua Kichwa na Universidade Estadual de Michigan (MSU) como parte do programa de intercâmbio Fulbright.
Para elas, este trabalho vai além do ensino linguístico: representa uma forma de resistência cultural em um mundo onde as línguas indígenas, como o Kichwa, correm o risco de desaparecer.
Originárias de Salasaka e Riobamba, respectivamente, essas educadoras transmitem não apenas a língua, mas também a riqueza de sua herança cultural aos estudantes americanos. Através de aulas, cerimônias tradicionais e sua participação em organizações estudantis indígenas como Timetzalimet, elas criaram espaços para reflexão sobre a perda das culturas originais.
Em um ambiente onde o inglês e outras línguas populares predominam, seu trabalho destaca a importância de preservar línguas vulneráveis como o Kichwa, falado por apenas 3,9% da população equatoriana, de acordo com o censo de 2022.
Ambas as professoras enfrentam desafios como a falta de apreço pela língua e a discriminação linguística, mas seu trabalho na MSU é um ato de memória e esperança, reafirmando que falar e ensinar Kichwa é uma forma ativa de resistência cultural.
Além disso, em fevereiro de 2025, o Instituto Superior Universitario Tecnológico del Azuay formou mais de 100 alunos no programa de Língua Ancestral Kichwa, demonstrando o crescente interesse e compromisso com a preservação desta língua ancestral.
O ensino de Kichwa em instituições educacionais nos Estados Unidos e Canadá ganhou relevância nos últimos anos. De acordo com relatos, o Quechua, uma língua ancestral dos Andes, é ensinado em pelo menos 25 universidades nesses países, refletindo um interesse crescente por parte dos estudantes que buscam se conectar com suas raízes culturais.
Esses esforços conjuntos no Equador e no exterior sublinham a importância de manter as línguas indígenas e sua cultura associada vivas, contribuindo para sua preservação e fortalecimento no século 21.