A situação no Sudão do Sul atingiu um ponto crítico, com o aumento da violência e a erosão do acordo de paz de 2018, alertou a ONU. A representante especial da ONU, Sra. Bobby, informou ao Conselho de Segurança que os apelos internacionais para o fim das hostilidades não foram atendidos, resultando em violações contínuas que minam o governo de unidade nacional.
Bobby alertou que a escalada da violência pode levar a uma mudança nas dinâmicas do conflito, de violência inter-comunitária para um cenário mais complexo de divisões tribais, envolvendo partes signatárias e atores de países vizinhos. Essa projeção é corroborada por análises que indicam que a tribalização do conflito é uma consequência das divisões políticas e da competição por recursos, exacerbada pela fragilidade do Estado e pela politização das identidades tribais. A história do Sudão do Sul é marcada por tensões inter e intra-tribais, com grupos como os Dinka e Nuer frequentemente em conflito, e outras etnias sentindo-se marginalizadas.
O Sudão do Sul enfrenta uma crise humanitária severa, com cortes de financiamento impactando a assistência vital. Entre abril e julho, cerca de 7,7 milhões de pessoas sofreram com altos níveis de insegurança alimentar aguda, e 83.000 indivíduos estavam em risco de condições catastróficas. O Plano de Resposta Humanitária do Sudão do Sul recebeu apenas 28,5% do financiamento necessário. A crise de fome é agravada por eventos climáticos extremos, como inundações e secas, e pela instabilidade em países vizinhos, como o Sudão, que levou a um influxo de refugiados.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) alertou que, sem financiamento adicional, milhões de sul-sudaneses correm o risco de perder o acesso à assistência alimentar. Diante deste cenário, a comunidade internacional reitera a necessidade de um compromisso renovado com o acordo de paz. Questões cruciais como os arranjos de segurança transitórios, justiça de transição, desenvolvimento constitucional e eleições precisam ser abordadas com urgência.
O Conselho de Segurança da ONU tem enfatizado a importância de um cessar-fogo, diálogo e a libertação de detidos políticos para reverter a trajetória atual e evitar um colapso completo do processo de paz. A participação de países vizinhos como garantidores do acordo é vista como fundamental para promover a paz e a estabilidade na região. A escalada da violência, incluindo confrontos entre forças de países vizinhos e tropas sul-sudanesas, sublinha a urgência de uma ação coordenada para evitar que o conflito se espalhe ainda mais.