Constelações de Satélites: Uma Ameaça Crescente à Radioastronomia
Editado por: Tetiana Martynovska 17
A radioastronomia, um campo científico fundamental desde a década de 1930, enfrenta um desafio sem precedentes devido à rápida expansão das megaconstelações de satélites em órbita baixa da Terra. Esta expansão está a gerar interferências eletromagnéticas que comprometem a capacidade dos astrónomos de detetar os sinais mais ténues do universo.
Observações realizadas pelo radiotelescópio Low Frequency Array (LOFAR) já confirmaram a emissão de radiação eletromagnética não intencional (UEMR) por parte de satélites, incluindo os da SpaceX. Esta radiação abrange amplas faixas de frequência, dificultando a deteção de sinais cósmicos fracos, essenciais para a investigação científica. Um estudo da Curtin University catalogou mais de 112.000 emissões de rádio não intencionais de satélites Starlink, afetando até 30% das imagens de protótipos do futuro Square Kilometre Array (SKA). A segunda geração de satélites Starlink, em particular, emite radiação até 32 vezes mais intensa que os seus antecessores, ultrapassando potencialmente os limiares regulamentares internacionais.
Em resposta a esta ameaça, astrónomos e operadores de satélites estão a colaborar em estratégias de mitigação. A SpaceX está a trabalhar com o Centro para a Proteção do Céu Escuro e Silencioso contra Interferências de Constelações de Satélites da União Astronómica Internacional (IAU CPS) para explorar soluções técnicas, como a modificação do design dos satélites para reduzir a UEMR. O Comité das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Exterior (COPUOS) adicionou à sua agenda um item para estudar o impacto das constelações de satélites na radioastronomia, com o objetivo de desenvolver diretrizes internacionais para a proteção de zonas de rádio silêncio.
A preservação de zonas de rádio silêncio é vital para o futuro da radioastronomia. Grandes projetos como o Square Kilometre Array (SKA), que será o maior radiotelescópio do mundo, e o FAST (Five-hundred-meter Aperture Spherical Telescope), o maior radiotelescópio de prato único, dependem de céus escuros e silenciosos para desvendar os mistérios do universo. A colaboração contínua entre astrónomos, operadores de satélites e órgãos internacionais é essencial para garantir que a expansão das redes de satélites não prejudique a exploração do cosmos.
Fontes
Universe Today
New Radio Astronomical Observations Confirm Unintended Electromagnetic Radiation Emanating from Large Satellite Constellations
SpaceX partners with astronomers to protect radio astronomy from satellite interference
U.N. committee to take up issue of satellite interference with astronomy
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