O ano de 2025 está a ser marcado por uma transformação sísmica na indústria cinematográfica, impulsionada pela inteligência artificial (IA) generativa. Ferramentas de IA tornaram-se centrais na criação de sequências de vídeo, efeitos visuais (VFX), trilhas sonoras e diálogos, alterando os métodos de produção tradicionais. Em maio de 2025, a Netflix utilizou pela primeira vez IA generativa na sua série de ficção científica "El Eternauta", acelerando a produção de uma cena complexa de colapso de edifício em dez vezes, segundo o co-CEO Ted Sarandos. Ele destacou o potencial da IA para otimizar custos e amplificar a criatividade, democratizando o acesso a efeitos de alta qualidade. Paralelamente, o realizador Darren Aronofsky lançou a "Primordial Soup", um estúdio dedicado à integração da IA no cinema, com o curta-metragem "ANCESTRA", uma colaboração com o Google DeepMind, a estrear no Festival de Tribeca em 13 de junho de 2025. Este projeto explora como a memória humana e a narrativa emocional podem ser enriquecidas por ferramentas de ponta.
Contudo, a ascensão da IA no cinema gera controvérsias significativas, especialmente em relação aos direitos autorais. A Universal Pictures e a Disney têm liderado ações legais contra empresas como a Midjourney, alegando o uso não autorizado de conteúdo para treino de modelos de IA. A Universal tem incluído avisos nos créditos finais de filmes como "How to Train Your Dragon" e "Jurassic World Rebirth", declarando que a duplicação ou distribuição não autorizada pode resultar em responsabilidade civil e criminal. A Disney processou a Midjourney por alegada violação de direitos autorais, descrevendo-a como um "poço sem fundo de plágio". Estas disputas legais e a rápida adoção da IA levantam questões urgentes sobre o futuro das profissões cinematográficas, com preocupações sobre a substituição de empregos e a autenticidade artística, ecoando as greves de Hollywood de 2023. James Cameron prevê que a IA possa reduzir os custos de produção de blockbusters em até 50%, um testemunho do poder transformador da tecnologia. O mercado de VFX, avaliado em 10 mil milhões de dólares em 2023, e o mercado de IA em VFX, projetado para crescer 25% anualmente até 2030, indicam a magnitude económica desta revolução. Em 2025, a IA consolida-se como uma força motriz no cinema, oferecendo oportunidades sem precedentes para inovação e eficiência, mas exigindo uma reflexão profunda sobre a proteção da propriedade intelectual e o valor intrínseco da arte humana.