Um tesouro arqueológico de valor inestimável foi resgatado das profundezas do Mar Mediterrâneo: um capacete romano do tipo Montefortino, datado do período da Primeira Guerra Púnica, foi recuperado em um estado de conservação extraordinário.
A descoberta, realizada por mergulhadores da Sociedade para a Documentação de Sítios Submersos, ocorreu perto das Ilhas Egadi, na Sicília, local da decisiva Batalha das Egadi em 241 a.C. Esta batalha naval marcou o fim da Primeira Guerra Púnica e consolidou o domínio romano no Mediterrâneo Ocidental.
O capacete Montefortino, introduzido aos romanos pelos celtas no século IV a.C., foi um item de equipamento militar padrão por séculos. Este exemplar específico se destaca pela integridade de suas peças de proteção para as bochechas (paragances), um detalhe raramente preservado em achados subaquáticos.
Francesco Paolo Scarpinato, conselheiro regional para o patrimônio cultural da Sicília, descreveu-o como "um dos mais belos e completos já recuperados", ressaltando a importância da descoberta para a compreensão do equipamento militar romano e dos conflitos navais da antiguidade.
A área ao redor das Ilhas Egadi tem se revelado um verdadeiro museu subaquático, com a descoberta de outros artefatos significativos, como aríetes navais de bronze, espadas, lanças e dardos. Acredita-se que muitos desses objetos tenham sido perdidos durante a batalha, possivelmente quando navios romanos foram capturados por forças cartaginesas, levando ao descarte de equipamentos pesados em uma tentativa de fuga.
A análise por tomografia computadorizada (CT) de cerca de trinta artefatos metálicos recuperados tem fornecido insights valiosos sobre as técnicas de fabricação e os materiais utilizados na época, sem danificar as delicadas camadas de preservação. Um achado adicional notável foi uma grande alça de bronze, datada do século V d.C., proveniente de um naufrágio conhecido como "naufrágio do banco de peixe". Essa descoberta sugere a contínua atividade marítima e comercial na região ao longo de diferentes períodos históricos, enriquecendo ainda mais o panorama arqueológico do fundo do mar siciliano.
O capacete Montefortino, com seu design característico que inclui uma tigela arredondada ou cônica, um botão central para fixação de plumas e proteções para as bochechas, é um testemunho da engenhosidade e da evolução do armamento romano. A sua preservação excepcional após mais de dois milênios submerso é uma prova das qualidades protetoras do ambiente marinho da Sicília e da importância de esforços contínuos para explorar e proteger este patrimônio submerso.
A colaboração entre instituições italianas e fundações internacionais tem sido fundamental para o sucesso dessas operações, fortalecendo a reputação da Sicília como guardiã de um legado cultural único no Mediterrâneo.