Uma investigação recente, publicada na revista científica *Archaeometry* em julho de 2025, propõe que a enigmática imagem presente no "Sagrado" de Turim pode ter sido criada através de uma escultura de baixo relevo, em vez de ter sido formada pelo contato direto com um corpo humano.
O designer gráfico brasileiro Cícero Moraes, especialista em reconstruções faciais forenses, utilizou softwares de modelagem 3D para simular como um tecido se comportaria ao ser colocado sobre um corpo humano tridimensional e sobre uma escultura de baixo relevo. As simulações de Moraes demonstraram que a imagem resultante do modelo de corpo humano apresentou distorções significativas, um fenômeno conhecido como "efeito Máscara de Agamenon", onde o tecido se deforma ao contornar um volume tridimensional.
Em contraste, a impressão obtida a partir do modelo de baixo relevo apresentou uma correspondência notável com a imagem do "Sagrado" de Turim, tanto em forma quanto em dimensão. "O padrão de contato gerado pelo modelo de baixo relevo é mais compatível com a imagem do 'Sagrado'", afirmou Moraes em seu estudo, destacando a menor distorção anatômica e maior fidelidade aos contornos observados.
Estas descobertas reforçam a teoria de que artistas medievais poderiam ter empregado a técnica de baixo relevo, um método comum na arte funerária europeia da época. Essa abordagem artística se alinha com a prática histórica, onde representações em baixo relevo de figuras religiosas eram frequentes em monumentos funerários na Europa durante a Idade Média. A possibilidade de que um artista tenha utilizado uma escultura, possivelmente de madeira, pedra ou metal, e aplicado calor ou pigmentos nas áreas em relevo para transferir a imagem para o tecido, oferece uma explicação plausível para a nitidez e a natureza bidimensional da imagem no "Sagrado".
Embora a pesquisa de Moraes não aborde diretamente a questão da antiguidade do "Sagrado", ela lança uma nova luz sobre os métodos de sua criação. A análise digital e a tecnologia 3D demonstram o potencial para desvendar mistérios históricos, integrando ciência, arte e tecnologia. A comunidade científica continua a explorar as origens e a natureza desta relíquia, com debates que persistem sobre sua autenticidade e os processos que moldaram sua imagem icônica. A investigação de Moraes adiciona uma perspectiva valiosa a este debate contínuo, sugerindo que a arte e a tecnologia podem ter desempenhado um papel fundamental na criação de uma das imagens mais debatidas da história.