Uma observação cósmica sem precedentes revelou os últimos momentos de uma estrela massiva antes de sua explosão em supernova, oferecendo um vislumbre inédito da evolução estelar. O estudo, publicado em 20 de agosto de 2025, na revista Nature, detalha a supernova SN 2021yfj, um evento que desafia as teorias existentes e expande nossa compreensão sobre o destino das estrelas gigantes.
A SN 2021yfj foi detectada pela primeira vez em setembro de 2021 pela Zwicky Transient Facility (ZTF), localizada a leste de San Diego. Situada a aproximadamente 2,2 bilhões de anos-luz da Terra, esta supernova exibe uma composição química dominada por elementos mais pesados, como silício, enxofre e argônio. Essa assinatura química sugere que a estrela progenitora, antes de sua morte explosiva, despojou suas camadas externas de hidrogênio e hélio, expondo seu interior rico em elementos pesados.
Steve Schulze, autor principal do estudo e pesquisador associado no CIERA da Northwestern University, descreveu o evento como ver uma estrela "essencialmente despojada até os ossos", fornecendo evidências diretas da estrutura interna em camadas de estrelas massivas, algo que antes era apenas teórico. Adam Miller, um dos autores seniores e professor assistente na Northwestern, destacou que a observação "literalmente parece algo que ninguém jamais viu antes". Ele observou que esses achados desafiam as teorias atuais de evolução estelar, indicando caminhos mais exóticos para o fim das estrelas massivas.
A descoberta foi um esforço colaborativo entre a ZTF e o Observatório W. M. Keck no Havaí. Essa supernova peculiar, que ocorreu em uma região de formação estelar, desafia a compreensão convencional de como as estrelas massivas evoluem e morrem. Enquanto estrelas massivas, que podem ter de 10 a 100 vezes a massa do Sol, geralmente exibem camadas de hidrogênio e hélio em suas fases finais, a SN 2021yfj demonstrou uma perda de massa extrema, expondo seu núcleo de silício e enxofre.
Essa perda de massa, estimada em cerca de três massas solares em um curto período, é um fenômeno incomum que os cientistas estão investigando, com hipóteses que incluem ventos estelares excepcionalmente fortes ou interações com uma estrela companheira. A análise espectroscópica da SN 2021yfj revelou não apenas a presença de silício e enxofre, mas também a possibilidade de hélio em suas camadas profundas, um achado que pode exigir revisões nos modelos teóricos atuais de evolução estelar.
A raridade deste tipo de evento, estimado em um em cada mil supernovas, torna esta descoberta um marco para a astronomia moderna, abrindo novas avenidas de pesquisa sobre os processos finais da vida estelar e o enriquecimento químico das galáxias.