O governo chinês aprovou a construção da Estação Hidrelétrica de Medog, localizada no condado de Medog, região autônoma do Tibete. O projeto visa aproveitar o potencial hidrelétrico do rio Yarlung Tsangpo, que flui através do desfiladeiro de Namcha Barwa, conhecido como o maior desfiladeiro do mundo. A hidrelétrica terá uma capacidade instalada de 60.000 megawatts, superando a atual maior do mundo, a Barragem das Três Gargantas, que possui 22.500 megawatts. A previsão é que a construção inicie em dezembro de 2024, com conclusão prevista para 2033. O investimento estimado é superior a 1 trilhão de yuans (aproximadamente US$ 137 bilhões). A usina deverá gerar anualmente cerca de 300 bilhões de quilowatt-hora de eletricidade, três vezes a capacidade da Barragem das Três Gargantas. O projeto está alinhado com os objetivos da China de alcançar a neutralidade de carbono até 2060, contribuindo para a redução da dependência de fontes de energia baseadas em carvão. Além disso, espera-se que a hidrelétrica impulsione o desenvolvimento econômico da região tibetana, criando empregos e melhorando a infraestrutura local.
No entanto, a iniciativa tem gerado preocupações ambientais e geopolíticas. Organizações ambientais expressaram apreensão quanto ao impacto potencial da barragem no ecossistema do planalto tibetano, uma região reconhecida por sua biodiversidade única. A localização do projeto em uma zona sismicamente ativa aumenta os riscos de deslizamentos de terra e outros desastres naturais, que poderiam afetar a estabilidade da barragem e a segurança das áreas a jusante. Além disso, a falta de transparência em relação aos estudos de impacto ambiental e aos planos de implementação do projeto tem sido um ponto de crítica. Países vizinhos, como Índia e Bangladesh, que dependem do rio Yarlung Tsangpo para agricultura, abastecimento de água potável e geração de energia, também expressaram preocupações sobre os possíveis efeitos da barragem em seus recursos hídricos e na segurança hídrica regional. A construção da barragem pode alterar os padrões de fluxo do rio, afetando a disponibilidade de água e a agricultura nessas nações. Especialistas sugerem que a cooperação internacional e a transparência são essenciais para minimizar os impactos negativos de grandes projetos de infraestrutura como este.